domingo, 13 de setembro de 2015

Seeker - O Clã dos Guardiões, Arwen Elys Dayton [Opinião]




Título Original: Seeker
Autoria: Arwen Elys Dayton
Série: Seeker, #1
Editora: 1001 Mundos (Edições ASA)
N.º Páginas: 436

Sinopse
Na noite em que prestar juramento, a jovem Quin Kincaid irá tornar-se aquilo para que treinou toda a vida. Irá tornar-se um Seeker. Este é o seu legado, e é uma honra. Como Seeker, Quin irá lutar ao lado dos seus dois companheiros mais chegados, Shinobu e John, para proteger os fracos e os injustiçados. Juntos, eles representarão a luz num mundo sombrio. E ficará com o rapaz que ama - que também é o seu melhor amigo. Mas na noite em que Quin presta juramento, tudo muda... ser Seeker não é o que ela pensava. A sua família não é o que ela pensava. Nem o rapaz que ela ama é quem ela pensava. E agora é demasiado tarde para fugir.


Opinião
Quem me conhece sabe que não consigo resistir a uma capa bonita – e tal tanto é uma benesse como uma maldição. Quantas vezes adquiri um livro somente pela sua capa? Bastante mais do que aquelas que consigo, de memória, nomear, mas tenho também de admitir que mais de 90% desses casos o conteúdo acabou por se mostrar tão ou mais interessante, e apelativo, e brilhante quanto a sua componente visual. Seeker – O Clã dos Guardiões, obra de estreia da autora Arwen Elys Dayton e que vem iniciar uma nova trilogia no mundo do fantástico, encontra-se algures no meio da equação... gostei de algumas das suas particularidades, nomeadamente a nível de conceito e ideias mas, na minha opinião, houveram também umas quantas falhas que simplesmente não me conseguiram convencer na integra. 

A história que perfaz este livro não é das mais fáceis de descrever. 
Dayton apresenta-nos quatro vozes diferentes, absolutamente díspares – Quin, a protagonista; Shinobu, o seu primo em grau distante; John, o seu interesse amoroso inicial; e Maud, uma Dread menor cuja sobrenaturalidade serve de elo condutor entre o mundo humano e o que existe no
A narrativa inicia-se em plena Escócia, com as suas paisagens de perder o fôlego. Quin, juntamente com Shinobu e John, estão prestes a saber se, segundo Briac (o pai da primeira), se encontram preparados para fazer o juramento que os tornará Seekers. Ser Seeker, segundo o que Quin e restantes companheiros foram ensinados, é a maior honra que pode, alguma vez, ser oferecida. É uma dádiva. Um dom. Um objectivo que serve um propósito maior. Mas muitos são os segredos que se encontram escondidos, bem longe dos olhos inocentes e jovens destas três personagens, e quando a verdade vier ao de cima, quando o juramento for feito, não haverá mais escapatória possível. 

A estrutura base desta obra não poderia ser mais invulgar e, no entanto, tão chamativa aos meus olhos literários. Adoro a noção de viagens no tempo e seja através de instrumentos mágicos, como o athame em Seeker – O Clã dos Guardiões ou de poderes paranormais, é uma componente narrativa que me atrai imenso numa história. Para mim, este foi, possivelmente, dos momentos mais altos de toda a leitura – as pequenas descrições do nada, do escuro, do invisual, do contranatura e depois o surgimento da luz, do espaço, do tempo, tudo num outro local. 
Outro elemento que me agradou nesta trama, e que infelizmente, a meu ver, poderia ter sido ainda mais explorado, foi toda a questão descritiva dos locais. Gosto de conseguir visualizar cada singularidade, cada pormenor do que se passa em torno dos protagonistas de uma história, e com cenários como a Escócia, Hong Kong e Londres, não há como não querer estar presente nestes sítios, ser parte integrante destes lugares exóticos. 

Existem, também, várias falhas ao longo do livro. 
Numa opinião puramente pessoal, achei os diálogos um pouco superficiais, por vezes até mesmo supérfluos, sem grande presença ou potencialidade a nível de intensidade, e tensão, emocionais. Sou apologista da máxima show, don’t tell e penso que Dayton se ficou demasiado no dizer e não o suficiente no mostrar. Talvez por isso a primeira parte da trama seja lenta, com um desenrolar passivo, sem grandes explicações sobre o que se passa com os protagonistas ou sobre o que realmente significa ser-se um Seeker – algo que atribuo ao estilo narrativo que a autora decidiu seguir e que, a meu ver, funciona bastante melhor no grande e pequeno ecrãs, com a omissão de informação importante ao leitor, do que entre páginas. 
Toda a temática temporal foi, em igual medida, um problema para mim. A narrativa inicia-se em plena interacção entre personagens, sem grande worldbuilding ou conhecimento prévio sobre o mundo em que vamos entrar – e assim se mantém durante muito, mas muito tempo – e por entre uma ambiência algo medieval ou não tão actual em que os intervenientes guerreiam com espadas e vivem ‘no meio do nada’ – e que faz o leitor remeter-se para uma obra de fantasia épica – surgem naves, e telemóveis, e outras tecnologias altamente modernas que, por sua vez, me fizeram perder no que diz respeito a situar a história no tempo. Devo dizer que continuo meio perdida... 

Seeker – O Clã dos Guardiões poderia ter sido explorado de uma outra forma, talvez até escrito por outra pessoa, e quem sabe assim não pudesse ser outro livro, mais cativante, mais entusiasmante, mais viciante. Ao invés, é uma leitura que por vezes se torna confusa mesmo por entre uns quantos instantes de puro brilhantismo e que a mim não me conseguiu convencer na totalidade. Guardo as minhas reservas quanto a esta trilogia – pode ser que todos os elementos menos positivos que encontrei sejam propositados e que Traveler traga um novo ímpeto à história mas... Penso que haverá sempre um mas. Penso que haverá sempre um mas. Pois embora a segunda metade do livro tenha sido bem mais interessante, não sei se terá sido o suficiente para me ‘converter’
Para leitores que se estejam a iniciar na Fantasia e procurem algo que combine um pouco de tudo e seja difícil de definir – ficção-científica, fantasia épica, fantasia urbana, e por aí além -  e que não sejam muito exigentes quanto à escrita, esta pode ser a aposta certeira para ganhar curiosidade quanto ao género. Quanto a mim, resta aguardar pela publicação do segundo volume da trilogia e pensar, reflectir, quanto à vontade de continuar. 

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