terça-feira, 27 de agosto de 2013

Ritual de Amor, Nora Roberts [Opinião]





Título Original: The Hollow
Autoria: Nora Roberts
Editora: Chá das Cinco
Nº. Páginas: 288


Sinopse:

Para Fox, Caleb e Gage o número sete representa tragédia. Há muitos anos, um ritual inocente entre eles libertou um mal antigo na sua terra natal. Como resultado, sete dias de loucura repetem-se a cada sete anos. Agora, já homens, sentem esse mal a regressar.
Visões de morte e destruição atormentam-nos. Mas este ano, três mulheres juntaram-se à batalha: Layla, Quinn e Cybil. Será que também elas estão ligadas a essa maldição?
Desde criança que Fox tem a capacidade de ler outras mentes, um talento que partilha com Layla. E para combater a escuridão que ameaça a cidade, Fox precisa de ganhar a confiança de Layla. Infelizmente ela não consegue aceitar esse misterioso talento e a nova intimidade com Fox apavora-a. É que Layla sabe que quando abrir a sua mente não terá qualquer defesa perante o desejo que ameaça consumi-los a ambos…


Opinião:

Os dados foram lançados. As cartas, jogadas. Os peões, colocados nas suas posições de combate. E a batalha final... essa, fruto de sangue e veneno, de dor e destruição, não tardará muito a, mais uma vez, assolar uma cidade inocente, Hawkins Hollow, que luta, quase diariamente, pela estabilidade que há mais de vinte anos lhe foi roubada.
Neste segundo volume da trilogia Signo dos Sete, Nora Roberts consegue a proeza de elevar, ainda mais, o grau de magnificência, de envolvência, deste seu mundo imaginativo, trabalhando, com primor e cuidado redobrado, um enredo que se vê bastante mais negro e sombrio, atmosférico, que o seu antecedente. Dotada de uma escrita que tanto tem de cativante quanto de simples, esta é uma obra fortemente pontuada por um humor muito próprio, muito energético, que a par com a sua vertente brumosa e maléfica, encontra, nas mãos desta autora que é considerada a Rainha do Romance (seja ele sobrenatural ou não), um equilíbrio perfeito.

Adquirindo contornos que exigem prudência, reflexão; acções que necessitam ser analisadas, descobertas; e dúvidas que não podem, de todo, povoar, minar, o núcleo de seis que estas personagens, no seu conjunto, no seu âmago, formam com o intuito de aniquilar o mal antigo que as atormenta, Ritual de Amor aborda as consequências de alguns dos actos presenciados em Irmãos de Sangue, as indecisões, pesquisas e resultados de outras tantas questões que exigem resolução rápida, se não mesmo imediata, assim como deixa, ainda, as portas abertas para a corrente final que poderá ser experienciada em Pedra Pagã.
Com o tempo de sossego, de paz, perto do fim, e Twisse a reunir poderosas forças de retaliação, surpreendendo os seis com os mais inesperados e monstruosos sustos, é imperativo encontrar soluções, conspirar planos, magias que os possam auxiliar numa demanda que aparenta vir a terminar em morte... para todos. Mas conseguirão Cal, Fox e Gage finalmente pôr um ponto final neste pesadelo?

Se no primeiro volume desta trilogia seguimos, com maior afinco, as passadas de Cal e Quinn enquanto casal introdutório, nesta que é sua continuação, passam a ser Fox e Layla os intervenientes em destaque, embora sem que Roberts se descuide em relação aos referidos anteriormente, nem, tão pouco, em relação àqueles que serão os últimos a envolver-se romanticamente, o par que, a nível pessoal, é o que maior curiosidade me suscita—Gage e Cybil.
Imprevisivelmente, Fox O’Dell mostrou uma faceta da sua personalidade que me apanhou desprevenida. Ele é cauteloso e inteligente, extremamente preocupado com aqueles que ama ou lhe são queridos, o que o tornam um alvo fácil às forças do mal. Contudo, a sua coragem interior e habilidade mental são uma arma incomum, de um poder e potencialidade imenso, e com a ajuda de Layla e de todos os outros companheiros nesta viagem de destino errante, muito será preciso Twisse orquestrar para o deter ou fazer vacilar.
Também Layla Darnell acabou por se transformar numa surpresa encantadora e da qual não estava nada à espera. Se, em Irmãos de Sangue, foi personagem que não deixou a melhor das impressões, em Ritual de Amor há uma vitalidade inconfundível e incomparável que a remetem para o topo da lista de intervenientes interessantes. Os seus sentimentos para com o presente e o futuro podem ser, por vezes, contraditórios, mas a sua natureza singular e capacidade de adaptação permitem a que o leitor melhor a compreenda e, por conseguinte, a aceite.

Se existe elemento que adoro na criatividade desta autora, e que se encontra particularmente bem explorado nesta trilogia em específico, é a aptidão de Roberts para conjugar, de forma exímia e decididamente instintiva e divertida, a ficção romântica com o lado mais sobrenatural do fantástico. Com este romance, o leitor tanto se deixa levar pela ingenuidade e diálogos satíricos das personagens, como se possibilita deslumbrar pelo paranormal de uma entidade negativa, má, que se encontra em luta com seis figuras dotadas de poderes fora do comum. E não há como negar os arrepios que Roberts provocou em mim—e certamente em tantos outros seus seguidores—com algumas das descrições envolventes dos sonhos, das visões e dos medos provocados por Twisse.

Depois de tudo o que por mim foi referido, penso estar bastante presente o quanto gostei deste livro, talvez ainda mais do que o primeiro, o que me deixa com elevadas expectativas para o terceiro e último volume desta trilogia, Pedra Pagã. Embora, na minha modesta opinião, tenha ficado com a sensação de que, em Ritual de Amor, as personagens limitaram-se a absorver informação e a experienciar sensações emitidas por Twisse, ao invés de agirem de imediato, partirem para a acção tal como Gage ambicionava, a verdade é que este segundo tomo aborda toda uma série de questões relacionadas com as emoções das personagens, provocando-as ao máximo e instigando-as a desistir. Assim, a nível emotivo, esta foi uma narrativa repleta de aromas e sabores, ainda que em termos de acção, não o tenha sido tanto.

Uma aposta Saída de Emergência, na sua chancela romântica Chá das Cinco, que entre obras contemporâneas do romance e do sobrenatural, sabe como fazer as delícias das suas leitoras. Mais uma história imperdível pela tão aclamada autora, Nora Roberts. Gostei.

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