Título Original: The
Hollow
Autoria: Nora Roberts
Editora: Chá das Cinco
Nº. Páginas: 288
Sinopse:
Para Fox, Caleb e Gage o número
sete representa tragédia. Há muitos anos, um ritual inocente entre eles
libertou um mal antigo na sua terra natal. Como resultado, sete dias de loucura
repetem-se a cada sete anos. Agora, já homens, sentem esse mal a regressar.
Visões de morte e destruição
atormentam-nos. Mas este ano, três mulheres juntaram-se à batalha: Layla, Quinn
e Cybil. Será que também elas estão ligadas a essa maldição?
Desde criança que Fox tem a
capacidade de ler outras mentes, um talento que partilha com Layla. E para
combater a escuridão que ameaça a cidade, Fox precisa de ganhar a confiança de
Layla. Infelizmente ela não consegue aceitar esse misterioso talento e a nova
intimidade com Fox apavora-a. É que Layla sabe que quando abrir a sua mente não
terá qualquer defesa perante o desejo que ameaça consumi-los a ambos…
Opinião:
Os dados foram lançados. As cartas, jogadas. Os peões, colocados nas suas
posições de combate. E a batalha final... essa, fruto de sangue e veneno, de
dor e destruição, não tardará muito a, mais uma vez, assolar uma cidade
inocente, Hawkins Hollow, que luta, quase diariamente, pela estabilidade que há
mais de vinte anos lhe foi roubada.
Neste segundo volume da trilogia Signo dos Sete, Nora Roberts
consegue a proeza de elevar, ainda mais, o grau de magnificência, de envolvência,
deste seu mundo imaginativo, trabalhando, com primor e cuidado redobrado, um
enredo que se vê bastante mais negro e sombrio, atmosférico, que o seu
antecedente. Dotada de uma escrita que tanto tem de cativante quanto de
simples, esta é uma obra fortemente pontuada por um humor muito próprio, muito
energético, que a par com a sua vertente brumosa e maléfica, encontra, nas mãos
desta autora que é considerada a Rainha do Romance (seja ele sobrenatural ou não),
um equilíbrio perfeito.
Adquirindo contornos que exigem prudência, reflexão; acções que necessitam
ser analisadas, descobertas; e dúvidas que não podem, de todo, povoar, minar, o
núcleo de seis que estas personagens, no seu conjunto, no seu âmago, formam com
o intuito de aniquilar o mal antigo que as atormenta, Ritual de Amor aborda as consequências de alguns dos actos
presenciados em Irmãos de Sangue, as
indecisões, pesquisas e resultados de outras tantas questões que exigem resolução
rápida, se não mesmo imediata, assim como deixa, ainda, as portas abertas para
a corrente final que poderá ser experienciada em Pedra Pagã.
Com o tempo de sossego, de paz, perto do fim, e Twisse a reunir poderosas
forças de retaliação, surpreendendo os seis com os mais inesperados e
monstruosos sustos, é imperativo encontrar soluções, conspirar planos, magias
que os possam auxiliar numa demanda que aparenta vir a terminar em morte...
para todos. Mas conseguirão Cal, Fox e Gage finalmente pôr um ponto final neste
pesadelo?
Se no primeiro volume desta trilogia seguimos, com maior afinco, as
passadas de Cal e Quinn enquanto casal introdutório, nesta que é sua continuação,
passam a ser Fox e Layla os intervenientes em destaque, embora sem que Roberts
se descuide em relação aos referidos anteriormente, nem, tão pouco, em relação àqueles
que serão os últimos a envolver-se romanticamente, o par que, a nível pessoal, é
o que maior curiosidade me suscita—Gage e Cybil.
Imprevisivelmente, Fox O’Dell mostrou uma faceta da sua personalidade que
me apanhou desprevenida. Ele é cauteloso e inteligente, extremamente preocupado
com aqueles que ama ou lhe são queridos, o que o tornam um alvo fácil às forças
do mal. Contudo, a sua coragem interior e habilidade mental são uma arma
incomum, de um poder e potencialidade imenso, e com a ajuda de Layla e de todos
os outros companheiros nesta viagem de destino errante, muito será preciso
Twisse orquestrar para o deter ou fazer vacilar.
Também Layla Darnell acabou por se transformar numa surpresa encantadora e
da qual não estava nada à espera. Se, em Irmãos
de Sangue, foi personagem que não deixou a melhor das impressões, em Ritual de Amor há uma vitalidade inconfundível
e incomparável que a remetem para o topo da lista de intervenientes
interessantes. Os seus sentimentos para com o presente e o futuro podem ser,
por vezes, contraditórios, mas a sua natureza singular e capacidade de adaptação
permitem a que o leitor melhor a compreenda e, por conseguinte, a aceite.
Se existe elemento que adoro na criatividade desta autora, e que se
encontra particularmente bem explorado nesta trilogia em específico, é a aptidão
de Roberts para conjugar, de forma exímia e decididamente instintiva e
divertida, a ficção romântica com o lado mais sobrenatural do fantástico. Com
este romance, o leitor tanto se deixa levar pela ingenuidade e diálogos satíricos
das personagens, como se possibilita deslumbrar pelo paranormal de uma entidade
negativa, má, que se encontra em luta com seis figuras dotadas de poderes fora
do comum. E não há como negar os arrepios que Roberts provocou em mim—e
certamente em tantos outros seus seguidores—com algumas das descrições
envolventes dos sonhos, das visões e dos medos provocados por Twisse.
Depois de tudo o que por mim foi referido, penso estar bastante presente o
quanto gostei deste livro, talvez ainda mais do que o primeiro, o que me deixa
com elevadas expectativas para o terceiro e último volume desta trilogia, Pedra Pagã. Embora, na minha modesta
opinião, tenha ficado com a sensação de que, em Ritual de Amor, as personagens limitaram-se a absorver informação e
a experienciar sensações emitidas por Twisse, ao invés de agirem de imediato,
partirem para a acção tal como Gage ambicionava, a verdade é que este segundo
tomo aborda toda uma série de questões relacionadas com as emoções das
personagens, provocando-as ao máximo e instigando-as a desistir. Assim, a nível
emotivo, esta foi uma narrativa repleta de aromas e sabores, ainda que em
termos de acção, não o tenha sido tanto.
Uma aposta Saída de Emergência, na sua chancela romântica Chá das Cinco,
que entre obras contemporâneas do romance e do sobrenatural, sabe como fazer as
delícias das suas leitoras. Mais uma história imperdível pela tão aclamada
autora, Nora Roberts. Gostei.
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