Título Original: Variant
Autoria: Robison Wells
Editora: Planeta
Manuscrito
Nº. Páginas: 328
Tradução: Catarina F.
Almeida
Sinopse:
Benson
Fisher pensou que uma bolsa para frequentar a Academia Maxfield seria o seu
passaporte para uma vida com futuro. Estava enganado. Agora, vive num colégio
cercado por uma vedação de arame farpado. Um colégio onde câmaras de vigilância
monitorizam todos os seus movimentos. Onde não há adultos. Onde os alunos se
dividiram em grupos para sobreviver. Onde a punição por violar as regras é a
morte. Mas, quando descobre, por acidente, o verdadeiro segredo do colégio,
Benson percebe que cumprir as regras poderá trazer-lhe um destino pior do que a
morte, e que a fuga – a sua única esperança de sobrevivência – talvez seja uma missão
impossível.
Opinião:
O talento para a escrita é algo que corre na família
Wells, disso não me restam dúvidas! Ainda me recordo de ter absolutamente
adorado Não Sou Um Serial Killer, de Dan Wells muito antes de me debruçar
sobre esta Floresta Mecânica, e vir a descobrir que estes dois
escritores maravilhosos são, na verdade, irmãos, não só foi surpreendente como
também divinalmente refrescante, na medida em que, com estilos tão distintos e únicos,
é uma surpresa deliciosa constatar que tanto um como o outro me fizeram
apaixonar pelas suas histórias, mundos comuns e personagens singulares. Estão a
ver aqueles livros que ocupam um lugar especial na estante porque simplesmente
não os conseguimos parar de ler? A Floresta Mecânica faz parte desse
leque restrito de títulos ao apresentar uma narrativa de leitura impulsiva e
reviravoltas constantes.
Não sei dizer ao certo o que foi que tanto me
atraiu para este livro em particular, mas assim que o comecei a folhear e a
embrenhar-me na sua história, não mais me foi possível pensar noutra coisa que
não nas imagináveis soluções para os problemas de Benson. No entanto, uma coisa
é certa—há que gostar de Benson enquanto protagonista, pois embora o enredo
seja misterioso e expectante desde o principio, se tal não acontecer, se o
leitor não estiver interessado em descobrir o porquê de esta personagem tanto
querer fugir, tanto querer a sua vida de volta, então a leitura de nada lhe
valerá.
Penso que foi muito inteligente da parte de Wells
escolher, como pano de fundo da acção, um cenário extraordinariamente restrito
e limitado, em vez de seguir os passos de tantos outros escritores do género e
aventurar-se na criação de um universo completamente novo e disfuncional.
Assim, ao poder concentrar-se na idealização perfeita do ambiente opressivo e
estranhamente bizarro que se vive na Academia Maxfield, Wells permitiu ao
leitor embrenhar-se num local repleto de segredos e superficialidades, onde nem
tudo é o que parece, e onde muito se encontra por explicar. O facto de
existirem câmaras de vigilância em cada esquina e um conjunto de alunos que
segue as directrizes de vozes anónimas e que tenta, igualmente, implementar a
ordem no restante grupo estudantil que se vê desprovido de uma figura adulta e
conselheira, vem somente acrescer ainda mais dúvidas a uma já de si bastante
avultada quantia de perguntas.
Em Maxfield existem três grupos, três tipos de
alunos que se associam entre si consoante os seus interesses—os que tomam conta
de tudo e são responsáveis por corrigir o que está mal, os que tiram prazer em
destabilizar o que já de muito frágil existe na escola, e os que não são nem
uma coisa nem outra. Benson é um Variante e, nesta história, Variante significa
ser não outra coisa que ele mesmo. Ele sabe que algo de profundamente errado se
passa em Maxfield e ao qual nem os próprios alunos estão imunes, e rapidamente
se apercebe de que não poderia ter tomado pior decisão de que a de ter aceite a
bolsa para ingressar na Academia. Mas que segredos se escondem nas profundezas
de Maxfield?
Gostei imenso de Benson. Para mim, é o perfeito
tipo de personagem masculina que impulsiona à leitura. Ele é curioso mas tem
plena consciência dos seus limites, é forte mas também deveras protector, e,
acima de tudo, não tem medo de ir contra tudo e todos se, no seu pensamento,
tal for a atitude mais correcta a seguir. Talvez seja por isso que é ele quem
mais surpreendido fica com a descoberta final. Talvez seja por isso que aquele
sentimento de incerteza, de desconfiança presente deste o início, tenha sido o
indício, a voz interna que nunca o permitiu desistir.
O melhor trunfo deste livro é, sem dúvida, a
escrita simples e o ambiente tenebroso e desconcertante que Wells criou. Não
estava, de todo, à espera de um tal desfecho. Sempre soube que A Floresta
Mecânica se tratava de uma obra distópica, mas nada me poderia ter alguma
vez preparado para todas as perguntas, e todas as dúvidas, e todo o nervosismo
que acompanharam a leitura. E o que mais me fascinou em toda a história foi o
pormenor de sempre que pensava finalmente saber o que se estava a passar e
acreditar que mais nada me poderia surpreender, bamb!, nova reviravolta!
O desfecho foi de morte. Que final em aberto. Que tortura para uma leitora ávida
como eu!
A Floresta Mecânica é uma leitura espectacular e o tipo de livro
que deixa muitas portas em aberto para o que poderá vir a ser desenvolvido na
continuação. Ainda não tive o prazer de ler Feedback, mas somente posso
esperar que Wells tenha escolhido os caminhos certos a percorrer e que, de uma
forma ou de outra, me deixe ainda mais abalada. Uma brilhante aposta da Planeta
Manuscrito, ideal para todos os aficionados por distopias juvenis. Adorei.
4 comentários:
Olá.
Terminei a leitura de Não Sou um Serial Killer há pouco e também gostei bastante. Nos agradecimentos que Dan Wells faz no final da obra dirige um deles ao irmão, que referencia também como escritor. Parece que o talento corre nas veias daquela família!
Gostei da tua opinião e fiquei muito interessado neste livro e no mano Robinson!
Boas leituras.
Olá :)
Tenho um selo para ti no meu blog
http://sinfoniadoslivros.blogspot.pt
Beijinhos
Olha deixei-te um selinho em ionlyhave.blogspot.com
Thank you, girls. =)
Oops, por acaso tenho por hábito ler os agradecimentos mas nesse livro em particular deve ter-me escapado. Confesso que só soube, até algo recentemente vá, que eram os dois irmãos... e acho isso absolutamente genial pois escrevem os dois de forma e sobre géneros tão diferentes que se torna algo impossível não gostar dos dois. =)
Thumbs up para este, muito giro e diferente, também com um protagonista masculino, algo que vai um pouco contra a corrente actual.
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