Título Original: The Dream-Hunter
Autoria: Sherrilyn Kenyon
Editora: Chá das Cinco
Nº. Páginas: 266
Tradução: Eduardo Fernandes
Sinopse:
Megeara Kafieri testemunhou
a ruína do pai na sua demanda para provar a existência de Atlântida. A promessa
da filha, no leito da morte do pai, de resgatar a reputação dele, trouxe-a até
à Grécia, onde a jovem tenciona provar que a mítica ilha está no local
identificado pelo pai. Em vez disso, Megeara encontra um estranho a flutuar no
mar – um estranho cujo rosto reconhece de muitos dos seus sonhos. O que Megeara
desconhece é que Arikos esconde mais segredos do que aqueles de que ela precisa
para encontrar a Atlântida. Arikos fez um pacto com Hades: em troca de duas
semanas como mortal, ele terá de regressar ao Olimpo com uma alma mortal... a
de Megeara.
Opinião:
O incomparável formigueiro do suave florear de pele contra pele, a
insubstituível sensação de um beijo roubado, de um toque intencional, de uma
comoção sentida ou do simples e imprescindível amor, fruto de uma paixão
avassaladora e de uma sede incontestável por conhecimento. Todos eles,
sentimentos comuns e, ao mesmo tempo, únicos. Todos eles, negados a um ser
imortal que se viu enredado nas complexas e políticas teias de uma série de
divindades egoístas e soberanas.
O Caçador de Sonhos é, para mim, a história que vem revitalizar uma série predatória que, a
cada volume lançado no mercado, tem vindo a arrebatar um público de si já
apaixonado por um bom romance sensual do fantástico. Inebriante, sensitivo e
indiscutivelmente encantador, este é um enredo que cativará à primeira página e
que, no final, se transformará em muito mais do que uma narrativa,
proporcionando ao seu leitor o mais idílico e emocionante dos sonhos.
Sherrilyn Kenyon volta a mostrar a facilidade com que conjuga romance e acção,
comédia e mistério, sem nunca libertar o seu observador externo do mundo
sobrenatural que envolve os seus intervenientes principais. Com uma escrita fácil
e compassiva, esta é uma autora cuja mera união de palavras em frases e
pensamentos narrativos é capaz de cativar o leitor ao ponto de este se sentir
impossibilitado em largar a trama.
Umas mais destemidas, outras mais destrutivas, este é um conjunto de
personagens que já faz parte do conhecimento e dia-a-dia de todo e qualquer
leitor que se preze e que adore esta fantástica série. Talvez por isso, O Caçador de Sonhos seja, a um nível
puramente pessoal, um romance muito mais ameno e divertido em comparação com os
que lhe antecedem, transcendendo a um patamar insignemente superior e
destacando-se não só pela sua jovialidade inerente como, e também, pelas vidas
que retrata.
Atormentada por uma promessa irrealista proferida no leito do pai, Megeara
Kafieri sofre pela boa reputação e credibilidade que quer restaurar ao nome
familiar e pela inconsistência e entraves de uma luta e uma busca que se
apresenta, a cada passo dado, cada vez mais difícil de desvelar. Uma personagem
composta, bem alinhavada e de emoções fortes – embora exteriormente reprimidas –,
Geary mostrar-se-á uma mulher tanto calorosa quanto imbatível.
Ansioso por sentir, por provar e por conhecer e, ao mesmo tempo, receoso
pelo medo e insegurança que tolhe a pessoa que o levou a arriscar a própria
vida, Arikos é um interveniente devorador de sonhos e sensações, ambição e
desejo, que não parará a meios para atingir o seu fim. Sejam confrontos
paranormais ou esforços mortais, nada o impedirá de transpor para a realidade
todas as confidências e afectos partilhados, outrora, em pensamentos
adormecidos.
Por entre os vários rostos que tecem a riqueza etérea transcrita nestas páginas,
muitos são os que, mesmo numa escala secundária da narrativa, ainda assim
conseguem agraciar o enredo com o seu fervor, bom humor e capacidades
sobrenaturais. Se Katra foi uma personalidade irreverente e, na sua própria
medida, imprescindível para a amizade e estabilidade que Geary necessita na sua
vida, Apollymi foi uma influência estrondosa no comportamento tensivo de todas
as mulheres a bordo e Solin o detentor de grande parte das gargalhadas soltadas
ao acaso, em muito devido às picardias e fascínio mútuo partilhado com Arikos.
Três são igualmente os cenários que se destacam pela extravagância da
paisagem e pela incessante demanda atlante que as personagens têm em mãos.
Santorini, o Olimpo e os segredos que se escondem nas profundezas cristalinas
do mar Egeu são as apaixonantes atmosferas oferecidas por Kenyon que, uma vez
mais, cumpre a visão tecida originalmente com descrições tão detalhadas e
profundas que, em diversos instantes, julguei sentir o calor do sol na pele e o
cheiro da brisa marítima no ar.
A provocadora carga humorística é outro dos componentes fortes e apreciáveis
deste enredo. Desde a naturalidade dos diálogos à narração de pensamentos e
sentimentos pessoais, O Caçador de Sonhos
é um livro que abrange um vasto leque de pormenores que agradará, com relativa
facilidade, qualquer tipo de leitor. Mas também a força da verdade, da justiça
e da paixão são valores que se perpetuam por entre estas linhas. E afinal de
contas, é sempre bom presenciar o triunfo do amor, contra todas as
adversidades. Assim como todos os caminhos, questões e problemas que surgem
pelo meio.
A par com uma povoação extensa de divindades excêntricas e perigosas descobertas
atlantes, obscurecidas por segredos puníveis e mentiras incontornáveis, este é
um romance que vem dar um novo fôlego e impacto a uma série que promete ter
ainda muito a oferecer. É por isso que os Predadores da Noite e Sherrilyn
Kenyon continuaram e continuarão – por muito tempo – a fazer parte do meu leque
obrigatório de sagas/autores a ler.
Mais uma incrível aposta por parte da Chá das Cinco, uma chancela Saída
de Emergência que se estima e orgulha pelas fortes personagens e escritoras, no
feminino, que publica. Muito bom.
2 comentários:
Já o tenho, agora é só arranjar um tempinho, espero que seja tão bom como os anteriores que li. =)
Gostei muito deste, principalmente do sentido de humor que está presente ao longo das páginas. Espero que gostes também! :)
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