Título Original: Acacia – The War with the Mein
Autoria: David Anthony Durham
Editora: Saída de Emergência
Nº. Páginas: 341
Tradução: Maria Correia
Sinopse:
Há muito que o Reino de Acácia deixou de ser governado em paz a partir de uma ilha idílica por um rei pacificador e pela dinastia Akaran. O cruel assassinato do rei trouxe muitas mudanças e grande sofrimento. Com a conquista do Trono do Mundo Conhecido por parte de Hanish Mein, os filhos de Leodan Akaran são forçados a refugiarem-se em zonas longínquas que desconhecem. Sem tempo para fazer o luto pelo seu pai, os jovens príncipes são separados e jogados à sua sorte num mundo cada vez mais hostil. E é entre piratas, deuses lendários, povos guerreiros e espíritos de feiticeiros que encontram a sua força e a sua verdadeira essência. Entretanto, Hanish continua empenhado na sua missão de libertar os seus antepassados e finalmente entregar-lhes a paz depois da morte. Mas para isso, os Tunishnevre precisam de derramar o sangue dos príncipes herdeiros...
Conseguirá Hanish capturar os filhos do falecido rei Akaran? Voltarão a cruar-se os caminhos dos quatro irmãos? Estará o coração de Corinn corrompido e rendido à paixão por Hanish ou dormirá com o inimigo apenas para planear a reconquista do Trono de Acácia? E se, de olhos postos na vitória, os herdeiros de Akaran voltarem a sofrer o mais duro dos golpes?
Opinião:
Quando a paz ilusória que percorre a imensidão de todo um novo mundo e comércio governantes é substituída pelo terror de uma guerra que se aproxima, e de uma revolta extremamente desejada e apoiada por muitos, a benevolência e graça prestadas poderão ser igualmente moldadas numa enlouquecedora cobrança de favores e mérito. Nas mãos de uns está o poder ancestral de uma linhagem de puro sangue... nas mãos de outros, a devoção para com uma nação marcada pela escravidão e pela droga. Qual das duas frentes sairá vencedora? E, pelo meio, quantos terão de perecer para, no final, o objectivo máximo ser alcançado por aquele que tiver a maior e mais forte ambição?
Acácia – Presságios de Inverno trata-se da tão aguardada – pelo menos, por mim – continuação de Acácia – Ventos do Norte. Com uma primeira parte pontuada pela tensão e mudança em torno de um povo gerido a mão leve, desenvolvida numa escrita aliciante e pausada, atenta aos pormenores e ao conhecimento, Acácia – Presságios de Inverno seria o livro que iria revolucionar tudo. Bem dito, bem o certo. Apresentando um começo algo explicativo e que vai ao encontro do estilo do volume que o antecede, nada seria suficientemente possante de modo a preparar o leitor para a explosão de acontecimentos, surpresas avassaladoras e alianças inimagináveis que compõe as mais de duzentas páginas que se seguem. Vários foram os momentos em que fiquei boquiaberta, em que recuei algumas linhas mais de forma a voltar a maravilhar-me não só com a escrita do autor – de que tanto gosto – como com a própria situação retratada. Para mim, não existem palavras para descrever todo um conteúdo alucinante, num livro que, à primeira vista, julgamos saber mais ou menos como se vai desenrolar. A verdade é que Acácia – Presságios de Inverno é uma obra enganadora, na medida em que, com relativa facilidade, surpreende o leitor a um nível, por poucos, alcançado.
Continuando com a mesma divisão de perspectivas por capítulos curtos, esta narrativa proporciona ao leitor uma forte e estruturada consolidação de conhecimento face às personagens que encarnam os papéis mais importantes e de maior destaque para o desenvolver da mesma. Assim, seguimos as passadas de Hanish Mein na sua tentativa de reavivar os Tunishnevre; os anseios e íntimos desejos de uma Corinn Akaran consciente do presente, e futuro, que a aguardam; a revolta e aceitação dos seus destinos por parte de Mena, Dariel e Aliver Akaran e mais uma ou outra personalidades que, embora não tenham uma percentagem tão grande de protagonismo, servem, de igual modo, um propósito muito específico para a conclusão enigmática deste primeiro volume (no seu todo) da trilogia.
A um nível inteiramente pessoal, confesso ter ficado positivamente admirada pela determinação, engenho e monstruosidade residentes no interior de uma aparência tão calma e segura como presenciada no caso de Corinn. Esta foi, para mim, a personagem deste livro. As suas lutas – interiores e exteriores –, os seus ideais e convicções, e as suas acções desmedidas são dos momentos mais altos e marcantes de toda a história do primeiro volume (por inteiro). Nunca pensei que tal personagem pudesse, alguma vez, agir da forma como agiu e em prol de algo que, ainda neste instante, me deixa irrequieta e ansiosa.
É, sem sombra de dúvida, a construção e a conclusão deste segundo livro que levam o leitor a querer descobrir o que mais esconde David A. Durham, bem no fundo da manga. Por entre mortes preciosas, guerras físicas e espirituais e alianças forjadas não só por necessidade mas, sempre, por interesse, Acácia – Presságios de Inverno unifica parte das peças soltas de modo a criar toda uma parafernália de acontecimentos que, no seu conjunto, são simplesmente maravilhosos. Adorei as descrições impetuosas da «grande guerra», as emoções tanto lidas como sentidas que envolvem as várias reuniões, e abandonos, presentes ao longo da trama e, claro, as mensagens e segundos sentidos escondidos em muitas das acções que as personagens levam a cabo.
O final em aberto deixa no ar um gigantesco ponto de interrogação sobre o que poderá acontecer no próximo volume. De certo que surgirão incontáveis confrontos familiares, muito devido a alianças duvidosas e situações mantidas em mistério, possivelmente originados pelas opiniões divergentes que povoam um mesmo palácio, contínuas promessas de guerra e posse e, claro, inúmeros conflitos emocionais e espirituais.
Admito, um dos motivos pelos quais estou a gostar tanto desta trilogia reside no facto de David A. Durham não ter qualquer problema em chocar o leitor ao matar personagens importantes para a história. Infelizmente, penso que uma das mortes em Acácia – Presságios de Inverno foi demasiado prematura podendo, inclusive, ter sido delineada para mais tarde mas, tudo está em aberto e muito pode ainda acontecer, principalmente quando existe magia envolvida. Desse modo, mesmo com este pensamento «menos positivo» para com o enredo, continuo a admirar a destreza do autor, a beleza com que escreve e a naturalidade com que cativa o seu leitor – pelo menos, a mim cativou-me!
Numa aposta que considero estrondosa por parte da Saída de Emergência, este é um autor e obra que qualquer aficionado por fantasia quererá ler. Para quem tem receios ou leu o primeiro Acácia e não se sentiu surpreendido por aí além apenas digo: continuem a ler, dêem mais uma hipótese a esta trilogia e prometo que não sairão desiludidos.
4 comentários:
Oh Homónima isto é que foi uma leitura daquelas, não foi?
Ainda estou estupefacta com a forma como esta segunda parte evoluiu e quero tanto o próximo!! Como será a capa??
Tens um Tag lá no Sufoco.
Beijinho
PS. ando vai não vai para começar este autor.
Estou agora a ler a "Acácia Ventos do Norte" e estou a adorar. Também já tenho os "Presságios de Inverno" para ler e se gostar tanto como estou a gostar do primeiro vou querer devorá-lo num instante.
Beijinhos e boas leituras :)
Oh, Homónima, se foi! Daquelas mesmo! Estou desejosa que saia a continuação para ver os caminhos que o autor vai adoptar agora. :) E nem me fales nas capas... Ui, estas duas estão tão lindas! A próxima espero que esteja ainda melhor! :)
Ca,
Obrigada pelo tag :)
Lê! O primeiro pode deixar-te com algumas reservas mas acredita que a continuação - ou seja, este volume - está brutal. Vale a pena.
Ana Santos,
Ui, e vais devorá-lo mesmo! Vais ver. Se estás a gostar do primeiro, até vais flipar com o segundo! :D
Beijinhos a todas
Enviar um comentário