Título Original: Forgive and Forget
Autoria: Patricia Scanlan
Editora: Quinta Essência
Nº. Páginas: 476
Tradução: Ana Glória Lucas
Sinopse:
Nada como um bom casamento… para dar início a Terceira Guerra Mundial!
E é exatamente o que vai acontecer se Connie Adams, a mãe da noiva, não conseguir melhorar as relações entre Debbie e o pai.
Barry faz questão que a sua emproada segunda mulher e a filha adolescente, sempre mal-humorada, o acompanhem no grande dia, mas Debbie preferia casar num supermercado a tê-las no seu casamento.
E, como se não bastassem já a Debbie todas estas coisas, a sua chefe anda a fazer-lhe a vida num inferno e ela começa a desconfiar que o noivo tem algumas hesitações relativamente ao casamento…
Por isso, viverão todos felizes para sempre ou estará a família inteira a encaminhar-se para o divórcio?
Opinião:
O casamento é um dos momentos mais marcantes e memoráveis na vida de uma mulher. Trata-se de um acontecimento único, celebrado em sintonia com todos aqueles que se ama e que são importantes. Por isso mesmo, é igualmente uma altura vulnerável, sensível e irrequieta para a mulher, que se vê muito próxima do limiar do nervosismo e exasperação total, e que a leva a uma volatilidade incontrolável de sentimentos e ideias perante, não só, a cerimónia em si e tudo o que esta acarreta para o seu futuro, como também para com todos os que a rodeiam.
Debbie Adams está prestes a unir-se, em matrimónio, a Bryan Kinsella, só que esta não é uma noiva comum. Tendo sido criada por uma mãe cuidadosa e solidária e um pai ausente, Debbie transporta em si o peso do abandono e da mágoa que sente em relação ao seu pai e à família que este construiu. Ao transformar-se numa mulher forte, decidida e dona da sua vontade, recusa-se a abdicar do seu direito de ter uma festa perfeita e ao seu gosto para agradar aos demais e, assim, acaba por entrar em conflito com aqueles que maior amor nutrem por si. Em contraste, Bryan faz uso do seu tempo livre para viver a vida ao máximo, gozar as amizades, experimentar de tudo e do melhor, mesmo quando o dinheiro disponível para gastos extra é assustadoramente reduzido. Mas Bryan guarda um segredo... e ao deparar-se com uma Debbie à beira de um precipício emocional, trata de a persuadir, com o seu carisma e talento, a deixar para trás todos os seus problemas e a seguir em frente, na direcção de uma vida em conjunto mais serena e divertida.
A beleza deste enredo encontra-se nas ligações, actos e respectivas consequências que este leque excepcional de personagens tece entre si. É que embora o ponto focal da história seja o relacionamento e posterior casamento de Debbie e Bryan – com maior destaque para Debbie –, seria impossível verdadeiramente gostar e apreciar este romance sem todas as situações exteriores que envolvem tamanho acontecimento e, claro, sem intervenientes como Connie, a mãe lutadora, Barry, o pai flexível, Aimee, a madrasta viciada no trabalho, Melissa a meia irmã que só quer ser aceite ou Judith, a chefe intratável e sem vida própria.
A harmonia e naturalidade que Patricia Scanlan criou entre as personagens de modo a construir uma trama coesa, dramática e chamativa é, deliciosamente, enlouquecedora. Com um virar de páginas constante e uma necessidade de descoberta e leitura desenfreada, Tudo se Perdoa por Amor é, para mim, um livro distintamente enternecedor e tocante, e que retrata com exactidão e de forma exímia os dramas familiares de duas famílias distintas mas igualmente susceptíveis e marcadas pelas falhas de comunicação e escolhas precipitadas.
Para uma estreia num género «mais suave» que aprecio bastante, Scanlan foi inteiramente refrescante! Com um estilo de escrita apelativo, moderno e frontal, que mostra as diversas perspectivas e pensamentos que afrontam cada uma das personagens relativamente aos acontecimentos e surpresas que invadem, numa constante, esta narrativa, Tudo se Perdoa por Amor é um livro que cativa não só pela beleza com que está escrito ou pela forma como a autora interligou as personagens entre si mas, principalmente, por abordar toda uma série de temáticas necessárias para os dias de hoje – como, por exemplo, o perdão, o abandono por parte de um pai, a falta de atenção prestada aos adolescentes, a dependência de uma mãe face a uma filha, o real valor da amizade e a solidão, entre outros –, e que actualmente fazem parte da vida de muitas pessoas que conhecemos (se não mesmo da nossa), e que são atractivos capazes de transformar um simples romance numa obra frutífera, voluntariosa e propícia à reflexão, à familiaridade e à comparação com o real.
Para além de adorar a capa, está claro que devorei este livro. Foi uma história que me deu mesmo prazer ler, com personagens que ora me fizeram rir, ora me fizeram chorar ou enfurecer, e recheada de situações caricatas e surpreendentes que me mantiveram cativa e agarrada durante as 476 páginas que a perfazem. Posso dizer ainda que não descansei enquanto não abarquei a última frase, a última palavra e agora, mal posso esperar por ter em mãos Felizes para Sempre, sequiosa que estou por saber um pouco mais do que vai acontecer a estas personagens que tanto adorei. Uma estreia inesperadamente calorosa, da feminina Quinta Essência, e a qual recomendo sem rodeios.