terça-feira, 27 de agosto de 2013

Ritual de Amor, Nora Roberts [Opinião]





Título Original: The Hollow
Autoria: Nora Roberts
Editora: Chá das Cinco
Nº. Páginas: 288


Sinopse:

Para Fox, Caleb e Gage o número sete representa tragédia. Há muitos anos, um ritual inocente entre eles libertou um mal antigo na sua terra natal. Como resultado, sete dias de loucura repetem-se a cada sete anos. Agora, já homens, sentem esse mal a regressar.
Visões de morte e destruição atormentam-nos. Mas este ano, três mulheres juntaram-se à batalha: Layla, Quinn e Cybil. Será que também elas estão ligadas a essa maldição?
Desde criança que Fox tem a capacidade de ler outras mentes, um talento que partilha com Layla. E para combater a escuridão que ameaça a cidade, Fox precisa de ganhar a confiança de Layla. Infelizmente ela não consegue aceitar esse misterioso talento e a nova intimidade com Fox apavora-a. É que Layla sabe que quando abrir a sua mente não terá qualquer defesa perante o desejo que ameaça consumi-los a ambos…


Opinião:

Os dados foram lançados. As cartas, jogadas. Os peões, colocados nas suas posições de combate. E a batalha final... essa, fruto de sangue e veneno, de dor e destruição, não tardará muito a, mais uma vez, assolar uma cidade inocente, Hawkins Hollow, que luta, quase diariamente, pela estabilidade que há mais de vinte anos lhe foi roubada.
Neste segundo volume da trilogia Signo dos Sete, Nora Roberts consegue a proeza de elevar, ainda mais, o grau de magnificência, de envolvência, deste seu mundo imaginativo, trabalhando, com primor e cuidado redobrado, um enredo que se vê bastante mais negro e sombrio, atmosférico, que o seu antecedente. Dotada de uma escrita que tanto tem de cativante quanto de simples, esta é uma obra fortemente pontuada por um humor muito próprio, muito energético, que a par com a sua vertente brumosa e maléfica, encontra, nas mãos desta autora que é considerada a Rainha do Romance (seja ele sobrenatural ou não), um equilíbrio perfeito.

Adquirindo contornos que exigem prudência, reflexão; acções que necessitam ser analisadas, descobertas; e dúvidas que não podem, de todo, povoar, minar, o núcleo de seis que estas personagens, no seu conjunto, no seu âmago, formam com o intuito de aniquilar o mal antigo que as atormenta, Ritual de Amor aborda as consequências de alguns dos actos presenciados em Irmãos de Sangue, as indecisões, pesquisas e resultados de outras tantas questões que exigem resolução rápida, se não mesmo imediata, assim como deixa, ainda, as portas abertas para a corrente final que poderá ser experienciada em Pedra Pagã.
Com o tempo de sossego, de paz, perto do fim, e Twisse a reunir poderosas forças de retaliação, surpreendendo os seis com os mais inesperados e monstruosos sustos, é imperativo encontrar soluções, conspirar planos, magias que os possam auxiliar numa demanda que aparenta vir a terminar em morte... para todos. Mas conseguirão Cal, Fox e Gage finalmente pôr um ponto final neste pesadelo?

Se no primeiro volume desta trilogia seguimos, com maior afinco, as passadas de Cal e Quinn enquanto casal introdutório, nesta que é sua continuação, passam a ser Fox e Layla os intervenientes em destaque, embora sem que Roberts se descuide em relação aos referidos anteriormente, nem, tão pouco, em relação àqueles que serão os últimos a envolver-se romanticamente, o par que, a nível pessoal, é o que maior curiosidade me suscita—Gage e Cybil.
Imprevisivelmente, Fox O’Dell mostrou uma faceta da sua personalidade que me apanhou desprevenida. Ele é cauteloso e inteligente, extremamente preocupado com aqueles que ama ou lhe são queridos, o que o tornam um alvo fácil às forças do mal. Contudo, a sua coragem interior e habilidade mental são uma arma incomum, de um poder e potencialidade imenso, e com a ajuda de Layla e de todos os outros companheiros nesta viagem de destino errante, muito será preciso Twisse orquestrar para o deter ou fazer vacilar.
Também Layla Darnell acabou por se transformar numa surpresa encantadora e da qual não estava nada à espera. Se, em Irmãos de Sangue, foi personagem que não deixou a melhor das impressões, em Ritual de Amor há uma vitalidade inconfundível e incomparável que a remetem para o topo da lista de intervenientes interessantes. Os seus sentimentos para com o presente e o futuro podem ser, por vezes, contraditórios, mas a sua natureza singular e capacidade de adaptação permitem a que o leitor melhor a compreenda e, por conseguinte, a aceite.

Se existe elemento que adoro na criatividade desta autora, e que se encontra particularmente bem explorado nesta trilogia em específico, é a aptidão de Roberts para conjugar, de forma exímia e decididamente instintiva e divertida, a ficção romântica com o lado mais sobrenatural do fantástico. Com este romance, o leitor tanto se deixa levar pela ingenuidade e diálogos satíricos das personagens, como se possibilita deslumbrar pelo paranormal de uma entidade negativa, má, que se encontra em luta com seis figuras dotadas de poderes fora do comum. E não há como negar os arrepios que Roberts provocou em mim—e certamente em tantos outros seus seguidores—com algumas das descrições envolventes dos sonhos, das visões e dos medos provocados por Twisse.

Depois de tudo o que por mim foi referido, penso estar bastante presente o quanto gostei deste livro, talvez ainda mais do que o primeiro, o que me deixa com elevadas expectativas para o terceiro e último volume desta trilogia, Pedra Pagã. Embora, na minha modesta opinião, tenha ficado com a sensação de que, em Ritual de Amor, as personagens limitaram-se a absorver informação e a experienciar sensações emitidas por Twisse, ao invés de agirem de imediato, partirem para a acção tal como Gage ambicionava, a verdade é que este segundo tomo aborda toda uma série de questões relacionadas com as emoções das personagens, provocando-as ao máximo e instigando-as a desistir. Assim, a nível emotivo, esta foi uma narrativa repleta de aromas e sabores, ainda que em termos de acção, não o tenha sido tanto.

Uma aposta Saída de Emergência, na sua chancela romântica Chá das Cinco, que entre obras contemporâneas do romance e do sobrenatural, sabe como fazer as delícias das suas leitoras. Mais uma história imperdível pela tão aclamada autora, Nora Roberts. Gostei.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Book/Movie Trailer - Divergente, Veronica Roth



O trailer de uma das adaptações mais aguardadas de sempre, com estreia marcada para o primeiro trimestre de 2014 [Março] foi, finalmente, revelado. 
Está absolutamente fantástico, não concordam? 
Can't wait!

sábado, 24 de agosto de 2013

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Destinos Interrompidos, Lissa Price [Opinião]





Título Original: Starters
Autoria: Lissa Price
Editora: Planeta Manuscrito
Nº. Páginas: 350
Tradução: Catarina F. Almeida


Sinopse:

Callie tem dezasseis anos e vive com Tyler, o irmão mais novo, e Michael, um amigo, nos escombros da cidade de Los Angeles. Quando as Guerras dos Esporos rebentaram, matando todos aqueles que tinham mais de vinte anos e menos de sessenta, Callie perdeu os pais. Como muitos outros Iniciantes, teve de aprender a sobreviver, ocupando prédios desabitados, roubando água e alimentos, fugindo aos Inspectores e combatendo os Renegados. Para tirar Tyler das ruas e garantir ao irmão uma vida melhor, Callie só vê uma solução: oferecer a sua juventude à Destinos Primordiais, uma empresa misteriosa que aluga corpos adolescentes aos velhos Terminantes - seniores, com centenas de anos, que querem ser jovens outra vez. Tudo corre como previsto, até o neurochip que lhe colocaram na cabeça avariar. Callie acorda, de súbito, na vida da sua locatária, a viver numa luxuosa mansão, a guiar carros topo de gama e a sair com o neto de um senador. A vida quase parece um conto de fadas, até Callie descobrir que a sua locatária não quer apenas divertir-se e que, no mundo perverso da Destinos Primordiais, a sobrevivência é apenas o começo.


Opinião:

Folheei esta obra em duas etapas bastante distintas. Numa fase inicial, movida pela inesperada vinda da autora a terras lusas, estudei algumas páginas, avançado relativamente pouco na história e espreitando, isso sim e quase em exclusivo, somente a ponta deste icebergue distópico muito, muito promissor; e depois, alguns meses mais tarde, numa segunda (e última) investida, interessando-me pelas particularidades de cada personagem e pelos seus destinos altamente cruéis, afeiçoando-me, também, a pequenos pormenores de uma comunidade díspar que por tantas vezes me fez estremecer com os seus renovados e controversos ideais.

Sendo eu uma grande apreciadora deste género literário, que ao longo do tempo e das várias leituras me tem conquistado sobremaneira, cada vez mais me é complicado encontrar romances que verdadeiramente me surpreendam e, mais importante ainda, que me encham as medidas, captem por completo a minha atenção e me deixem em suspenso para o volume seguinte. Alguns textos conseguem espicaçar-me a curiosidade, com este ou aquele elemento mais impressionante. Outros, embora em menor número, levam-me a um estado de ansiedade tal que mal posso esperar por descobrir que infortúnios tais personagens, criaturas negligenciadas, ainda terão de ultrapassar. Destinos Interrompidos acabou por ser um misto destas duas possibilidades.

Tratando-se de uma premissa com todos os factores certos para vencer e, assim, se tornar num dos grandes títulos dentro do género, seria de esperar algo bem trabalhado, com uma escrita extremamente cuidada e inteligente, e umas quantas reviravoltas de cortar a respiração. No entanto, e a meu ver, não foi bem isso o que encontrei.
Destinos Interrompidos disserta abertamente sobre os ideais actuais de beleza e sobre a constante busca pela perpetuidade. Fortemente procuradas pela camada mais velha da sociedade—ou, neste caso, os adultos—, ambos o belo e o imortal, é com horror que o leitor se apercebe do sofrimento e do perigo que os mais novos, os menores—os Iniciantes—que mais ninguém têm ao seu lado, abandonados por familiares que padeceram devido à guerra dos esporos, enfrentam, quando limitados a viver na rua, ao sol e à chuva, eternamente à caça de comida.
Lissa Price foi, na maioria das suas escolhas, perspicaz ao encontrar as respostas, os problemas, para as tomadas de decisão. No entanto, penso que a sua escrita carece de um pouco de sentimento, de emoção, e, enquanto leitora de uma obra distópica, o que mais quero sentir é o medo, a dor e a esperança pelos quais as várias personagens passam. Não me serve ser mera espectadora, quero sentir que faço parte desse mundo destruído, que estou na pele de Callie, e de Tyler, e de Michael, e não que me limito a “ler” o que de importante lhes acontece. Neste aspecto, pessoalmente, Price falhou.

Mas este futuro imaginário da autora é muito complexo, repleto de singularidades, nuances que fazem toda a diferença, e, por isso, mesmo assim, é fácil para o leitor se deixar embrenhar na narrativa e desejar que o momento de a colocar de lado, nem que seja por breves instante, nunca chegue.
Admito que gostaria de ter testemunhado um maior desenvolvimento no que diz respeito às personagens em geral, com mais tempo de antena àquelas que são secundárias, e mais ênfase à que se mostra principal, pois a verdade é que não fui capaz de construir uma real ligação com nenhuma delas, mas creio que neste aspecto a autora poderá ainda surpreender na sequela, Enders. Porém, e embora estes pequenos problemas não me tenham impedido de desfrutar da leitura de Destinos Interrompidos, penso que vieram a solidificar a ideia de que, caso esta história tivesse sido abordada com uma dinâmica diferente, poderia ter tido um resultado bastante mais apelativo.
Ainda assim, destaco uma série de componentes muito bem conseguidas e que ajudaram a manter o meu interesse pela obra, mais ou menos, em alta.

A Destinos Primordiais foi um golpe de génio. Gostei imenso do conceito existente por detrás da empresa assim como, em igual medida, fiquei absolutamente petrificada com os negócios e as mentiras escondidos por entre as paredes da mesma. A ideia de os Terminantes manterem as suas particularidades como o bater insistente das unhas ou o não conseguir estar quieto, num corpo jovem, Iniciante, é algo de extremo interesse e por todas as novidades envolventes do banco de corpos e das intenções do Velho, dou os parabéns a Price.
Infelizmente, este tipo de benesses criativas a par com algumas atitudes e sacrifícios tomados pelas personagens, e uma ou outro reviravolta existente no enredo não foram o suficiente para me maravilharem. Acreditem quando digo que queria muito ter adorado este livro, muito mesmo, mas não consegui. Tenho uma certa curiosidade em relação à sequela pela possível identidade do Velho devido a uma simples frase/fala que a autora deixa no ar já nas páginas finais, mas caso não fosse isso, não sei se quereria mesmo—mesmo!—ler a “dita cuja” mal esta saia por cá.

Como último apontamento, dou ainda relevância ao título escolhido pela editora. Originalmente intitulado de Starters, penso que foi uma abordagem muito interessante terem traduzido para Destinos Interrompidos, o que, tendo em conta alguns elementos da acção, faz todo o sentido.
Uma aposta com o seu quê de agradável por parte da Planeta Manuscrito, que, embora não me tenha totalmente conquistado, como aconteceu (e ainda acontece) com outras obras fantásticas do seu catálogo, ainda assim a vejo como uma leitura algo única para apreciadores de outras obras do género, como Raptada ou Cinder.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A Cidade dos Ossos, Cassandra Clare [Opinião]





Título Original: City of Bones
Autoria: Cassandra Clare
Editora: Planeta Manuscrito
Nº. Páginas: 415
Tradução: José Luís Luna


Sinopse:

No Pandemonium, a discoteca da moda de Nova Iorque, Clary segue um rapaz muito giro de cabelo azul até que assiste à sua morte às mãos de três jovens cobertos de estranhas tatuagens.
Desde essa noite, o seu destino une-se ao dos três Caçadores de Sombras e, sobretudo, ao de Jace, um rapaz com cara de anjo mas com tendência a agir como um idiota...


Opinião:

Admito: esta não foi a primeira vez que peguei em A Cidade dos Ossos. Já antes, algures num passado não muito distante, encetei uma tentativa de iniciar esta que é uma das mais badaladas trilogias do universo fantástico teen, mas, insatisfeita com o cuidado dado à tradução do original para a edição que foi lançada em terras lusas, acabei por padecer de uma das mais comuns doenças entre leitores insaciados—simplesmente coloquei o livro de lado. Agora, com a constante e intrépida aproximação daquela que promete ser uma das grandes apostas cinematográficas do ano, a adaptação desta obra em particular ao grande ecrã, não houve como mais lhe escapar—encontrar o remédio, a cura para este mal que me veio a consumir lentamente, transformou-se em algo mais do que necessário, mais do que essencial, e com uma renovada perspectiva e disposição literária, foi com sofreguidão que me atirei a este primeiro volume de uma trilogia—e posterior série, se assim o pudermos definir—de potencialidade gigantesca.

Dúvidas não me restam de que muitos de vós estejam já bastante familiarizados com este mundo de sombras e escuridão, mas para uma estreante como eu, que pouco ou nada sabe do passado, presente ou futuro deste leque de personagens singular, tudo é novidade... e tudo é belo—seja no campo da luz, ou no campo das trevas.
A Cidade dos Ossos, como título introdutório, oferece, de imediato, uma possível antevisão dos acontecimentos que se encontram guardados no interior das suas páginas. Julga-se, quiçá, que uma cidade construída das ossadas de antepassados ancestrais seja o cenário de eleição de Clare, mas mais do que o sangue que não estanca, da carne que rasga e dos ossos que protegem um santuário silencioso, o simbolismo desta narrativa prende-se nas modificações que um simples objecto, um mero instrumento mortal, e um convicto ideal podem principiar naquela que deveria ser a raça a defender—os mundies.
Cassandra Clare apresenta, então, este universo de seres místicos e seres desprovidos de qualquer encanto ou poder, de forma absolutamente engenhosa, divinal e, que nem uma mais valia, de forma criativa. Incansável nas reviravoltas que proporciona a uma narrativa que se sabe defender por si, a autora vai construindo o seu texto em torno de pequenas particularidades especiais de significados astronómicos, pontuando, o mesmo, com uma escrita simples e natural mas ainda que, ocasionalmente, ornamentada com diálogos e exímia inteligência, ao mesmo tempo que, aos poucos e poucos, vai desvendando pormenores do que se encontra por “detrás do véu”. E, raios, como Claire foi habilidosa.

Muito mais do que uma obra de simetrias sobrenaturais, esta é uma história que disserta abertamente sobre lutas—lutas de cariz pessoal e lutas com vincos no passado—, e, se por um lado, temos as contínuas disputas e os exaustivos acordos em prol de uma harmonia entre as espécies de um mundo à parte, o mundo dos Shadowhunters, por outro, temos os confrontos íntimos, por vezes emocionais, de uma personagem que sempre julgou ter algo, ser alguém, que na realidade não é. E aí, o que fazer? Para Clarissa Fray, a resposta reside na única pessoa que constantemente esteve do seu lado, que sempre a acarinhou e protegeu, mas que, devido a guerras suas desconhecidas e a segredos por revelar, desapareceu para o inexplicável.

Variado e altamente interessante, A Cidade dos Ossos abre as portes não somente para uma comunidade de seres de artes extraordinárias como, e também, para um grupo de intervenientes cativante e divinamente peculiar.
Clary Fray destaca-se pelo sentido humano, terreno, inerente à educação com que foi criada, e pela curiosidade que naturalmente lhe corre nas veias face um universo paranormal que deveria ser seu. Destemida, astuta mas também atormentada por medos e dúvidas próprias dos acontecimentos que as suas acções desencadeiam, esta é uma jovem que não olhará a meios para alcançar o seu objectivo—salvar a sua mãe.
Jace Wayland valoriza-se pela personalidade espontânea, por vezes a roçar a excentricidade, e humor very british, very dark e sarcástico. Confiante, imbatível e impulsivo, esta é uma figura que não tem qualquer receio em enfrentar os mais poderosos e violentos demónios, movido pelo lema dos seus antepassados shadowhunters e por um presente em que nada tem a perder.
Simon Lewis sobressai pela sua incrível capacidade de aceitação e adaptação face um mundo sombrio e inquietante que tudo tem para parecer impossível, e pela lealdade com que sempre brindou Clary—uma amizade que não se vê, nunca, a prescindir. Mas também o seu sentido de oportunidade e a sua insistência em ser figura presente num círculo de artes mágicas o tornam uma personagem de encanto incalculável.

Embora este seja o trio maravilha no seu exponente máximo, muitos são os intervenientes secundários que surgem com o propósito de enriquecer, sobremaneira, a narrativa. Alec e Isabelle Lighwood, irmãos de sangue, combatem lado a lado com Jace e Clary—e, por vezes, com Simon—mostrando-se inteiramente dispostos a correr riscos para proteger e conseguir a salvaguarda da “pátria” que conhecem—Idris. Magnus Base, o High Warlock of Brooklyn, ou seja, um feiticeiro de grande poder e magnetismo, é outra das personagens que, mesmo com uma presença diminuta, deixa marcas no leitor. E, claro, não esquecer nomes como Luke Garroway, Hodge Starkweather e Valentine Morgenstern que, com o que têm de bom e de mau, entre a luz e as trevas, criam uma dualidade dúbia que deixa o leitor em constante alerta.

Tratando-se de uma obra de pormenores, adorei pequenas coisas, pequenos elementos, que, pessoalmente, fizeram toda a diferença num género sobrelotado de conformidades, e que, ao longo da história, foram deixando pequenas pistas para mistérios mais tarde desvendados. Objectos como o anel dos Wayland que Jace mantém perto do coração, as stele que permitem as mais espectaculares maravilhas, a witchlight que oferece uma protecção luminosa no escuro ou as pequenas armas mortíferas cujos significados aparentam uma beleza superior à sua antecedente, mas também outros detalhes ostentam entusiasmo e curiosidade, como o significado e poder das runas e o modo como estas não só foram exploradas pela autora mas, e principalmente, pela forma como podem ser utilizadas em objectos ou no corpo dos próprios shadowhunters, ou até mesmo Idris e as suas glass towers com vista para a cidade de Alicante, da qual quase nada conhecemos—ainda.

Penso que está a descoberto o quanto gostei deste primeiro livro e do quanto o mundo dos shadowhunters inevitavelmente me fascina. Imensos foram os momentos que me fizeram virar página, atrás de página, atrás de página, em busca de algum do sossego e de alguma da calma que me possibilitaria pausar a leitura—mas tal não sucedeu muitas vezes, confesso—além de que o próprio world building da narrativa é suficiente para deixar qualquer leitor estupefacto. Contudo, admito que estava à espera de um final mais emocionante. O momento de grande clímax deste volume em particular poderia, a meu ver, ter sido desenvolvido com um pouco mais de frenesim, de energia electrizante, e embora não me tenha decepcionado completamente, não foi, de todo, o que estava à espera tendo em conta o restante da história. Como nota positiva, referente à etapa conclusiva de A Cidade dos Ossos, fica a anotação para um desfecho que, mesmo impulsionando o leitor a prosseguir viagem com A Cidade das Cinzas, ainda assim não deixa um cliffhanger de proporções épicas, ou seja, um momento de suspense entre livros, por demais.

Esta é uma aposta da Planeta Editora, numa autora que continuarei a seguir com afinco e sob a qual me espero debruçar novamente, em breve. Perfeito para leitores de trilogias/sagas como Anjo Caído ou Predestinados, numa vertente fantástico verdadeiramente impressionante. Recomendo.

sábado, 17 de agosto de 2013

Book/Movie Trailer - A Cidade dos Ossos, Cassandra Clare


O blogue tem andado um pouco parado... mas não se preocupem, assim não ficará por muito mais tempo! Tenho imensas opiniões para vos mostrar e uma ou outra ideia a marinar no forno...

Entretanto, trago-vos o trailer de um dos livros que me acompanha actualmente, e do qual estou a gostar bastante, cujo filme tem data de estreia, em terras lusas, já na próxima semana. Conseguem adivinhar qual é? 


Quem já leu o livro, através do trailer do filme, consegue já encontrar diferenças entre os dois mundos—grande ecrã e páginas—, mas não vos parece que a essência, a atmosfera sombria foi conseguida com precisão? 
Estou muito, muito expectante com este filme.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Book Trailer - Linger, Maggie Stiefvater



Um book trailer diferente, para um livro especial, usando uma das minhas técnicas favoritas—o stop motion
Lindo, não acham?

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

After Earth - Depois da Terra, Peter David [Opinião]





Título Original: After Earth
Autoria: Peter David
Editora: Saída de Emergência
Nº. Páginas: 230
Tradução: Rui Azeredo e Renato Correia


Sinopse:

O general Cypher Raige, do Corpo Unificado de Patrulheiros, é apenas o último de uma longa linhagem de heróis. Durante mil anos, desde que o apocalipse ambiental dominou a Terra, os Raige foram um instrumento fundamental para a sobrevivência da humanidade. Lideraram o caminho quando os sobreviventes foram forçados a abandonar a Terra, instalaram-se num planeta inóspito ao qual chamaram Nova Prime, enfrentaram a chacina por parte de uma misteriosa força alienígena e estabeleceram um novo lar na ponta mais longínqua da galáxia.
Cypher acabou de regressar para junto da família após uma prolongada missão no exterior. Para o seu filho de treze anos, Kitai, acompanhar o lendário pai é a aventura de uma vida – e uma oportunidade para salvar a relação deles.
Mas, quando um asteroide colide com a nave deles, despenham-se e Cypher fica seriamente ferido, correndo risco de vida. Kitai Raige sempre quis provar que estava à altura de conviver com um apelido tão ilustre. E agora, talvez cedo de mais, terá a sua oportunidade. Com a vida do pai em risco, Kitai tem de se aventurar em terreno desconhecido e hostil num novo mundo que parece estranhamente familiar: a Terra.


Opinião:

Existem histórias que são verdadeiras pérolas aventureiras, daquelas de fazer cortar a respiração, da primeira à última página, mas que, de uma maneira algo estranha, em formato livro, simplesmente não funcionam, pois não conseguem oferecer, em perspectiva, em essência, todo o seu potencial, toda a sua magnificência, a quem as lê. After Earth – Depois da Terra é um pouco assim—uma narrativa escrita com um potencial supremo, que surgiu como uma adaptação literária de uma obra cinematográfica e que, mesmo acompanhada de tão forte e vibrante componente visual, ainda assim, não consegue alcançar o nível de espectacularidade, de entusiasmo e envolvência daquela que a criou.

After Earth – Depois da Terra conta uma história familiar sem precedentes, onde um pai e um filho martirizados por um passado de sangue e de perda, unem forças em prol da sobrevivência de ambos. Num planeta outrora amado mas agora desconhecido, estas duas personagens percorrem os mais atribulados dos caminhos, com as paisagens mais belas e as criaturas mais perigosas, numa jornada em busca da salvação e do orgulho, do amor, existente numa verdadeira relação entre progenitor e discípulo.
Peter David é uma figura conhecida no mundo da televisão e do cinema, mas no que diz respeito a esta adaptação, o seu estilo descritivo apresenta-se muito aquém da expectativa geral. Sente-se uma certa urgência em narrar todos os acontecimentos da acção sem entrar em grandes pormenores, sente-se uma dada necessidade em não divagar para além do que a obra cinematográfica mostra ao espectador, e sente-se um dito distanciamento entre texto e leitor por isso mesmo—em momento algum senti que estava ligada a estas personagens, preocupada com os seus futuros, entusiasmada com os seus presentes—, o que é uma pena.

Nova Prime é um reflexo civilizado, tecnologicamente avançado e controlado de um planeta Terra que se viu destruído pela ganância humana. Aqui, nesta renovada sociedade, são os Patrulheiros quem mantém a ordem, e quem defende a cidade de ataques alienígenas que visam destruir todos aqueles que sobreviveram.
Kitai Raige tem o sonho de seguir as passadas da irmã—e do pai—, tornando-se um Patrulheiro na tenra idade de treze anos, mas embora o seu físico e destreza estejam adequados a tão audaciosa profissão, a sua inconstância de comportamento e riscos desnecessários fazem com que não consiga alcançar o seu objectivo. Mas a aventura está longe de terminar, quando uma inesperada viagem à Terra surge num plano próximo, e uma aterragem precipitada destrói (quase) tudo em que ele acredita...

Embora After Earth – Depois da Terra ofereça toda uma série de perspectivas interessantes ocorridas em diferentes cenários, Kitai é a figura que mais se destaca por entre os demais, e que maior vontade apresenta em se desenvolver. Porém, também Cypher Raige, o seu pai, é um interveniente de grande importância, ainda que a sua presença física no enredo seja algo diminuta, mantendo uma consciência febril, uma ambiência forte, por toda a narrativa.
Quanto a outras personagens de cariz secundário, infelizmente não há muito a dizer sem, assim, entrar pelo campo dos spoilers. Fora estes dois rostos e vozes predominantes, quase todos os outros oferecem uma passagem muito breve e concisa no texto, sintetizando, desde logo, quais os seus papéis e qual a sua acção no desenrolar da narrativa.

Um aspecto muito positivo presente nesta obra é, sem dúvida, a composição dos cenários futuristas de Nova Prime e da atmosfera destruída e selvagem da Terra, 1000 d.T. Essa componente vívida e altamente criativa permite a que o leitor se imagine num panorama totalmente novo e diferente daquele que conhece hoje, encarando, pela primeira vez e, principalmente, durante os momentos passados no planeta Terra que ficou para trás, mutações imprevisíveis e, muitas vezes, grotescas.
Na minha perspectiva, confesso que estava à espera de algo mais emocionante por parte desta obra, e também mais desenvolvido, por sinal. A escrita não ajudou a que me familiariza-se com o que se estava a passar e o pouco crescimento pessoal conferido às personagens também não permitiu a que construísse uma ligação, uma relação, com elas. Contudo, deixo nota positiva aos sentimentos vividos por Kitai e ao desespero íntimo e corrosivo de Cypher, pelo que perdeu e pelo que não consegue, não por não o querer mas por não ultrapassar o passado, agarrar. Querer ser o orgulho de um pai não é algo fácil, mas Kitai teve todos os obstáculos possíveis e imaginários pelo frente, enquanto Cypher, ainda agarrado a uma morte que nada lhe trará, luta contra a morte que o puxa e o futuro que lhe poderá trazer uma nova vida, ao lado da mulher e do filho.

Uma aposta diferente por parte da Saída de Emergência, numa vertente actual e moderna, que embora não tenha feito os meus olhos brilhar, não quer dizer que não o faça a outros apreciadores e curiosos do género.

sábado, 3 de agosto de 2013

Adding to the Pile... Edições Estrangeiras - Parte 1



De modo a variar um pouco, e também a poder mostrar-vos algumas das preciosidades lá de fora que chegam cá dentro, decidi construir esta publicação que será dividida em três partes, para então, quem sabe, ajudar-vos a conhecer mais alguns títulos interessantes que, infelizmente, não se encontram publicados em terras lusas. Por isso, esperam mais novidades inglesas/americanas/internacionais no geral, em breve! E, claro, espero que gostem...


Every other Day
Jennifer Lynn Barnes
Nunca li nada desta autora. Até ficar completa e totalmente maravilhada com esta capa, que sugere uma história assim bem sangrenta e, talvez, vampiresca, nem fazia ideia da existência deste livro. A verdade é que a oportunidade de adquirir este paperback a um preço absolutamente tentador surgiu, e, por isso, esta vossa leitora mais não faz do que a agarrar com unhas e dentes. 
Agora, posso dizer-vos, com toda a certeza, de que se trata de um stand alone, de que é um romance young adult e de que tem toda uma miscelânea encantadora de criaturas sobrenaturais. As expectativas estão em alta!

The Raven Boys
Maggie Stiefvater
De certeza que o nome desta autora vos soa familiar, e há razões plausíveis para isso—lançada pela Editorial Presença encontra-se, actualmente no mercado nacional, a trilogia The Wolves of Mercy Falls (no original), com os títulos Shiver, Linger e Forever
Curiosa pelo que a escritora poderia oferecer de diferente, e deliciada com a oportunidade que (também) surgiu  de adquirir este paperback a um preço quase ridículo, aqui a Pedacinho não se fez de rogada e aproveitou a deixa. Já folheei algumas páginas e posso garantir-vos de que estou bastante impressionada, e pela positiva! Misturando uma versão muito peculiar de bruxaria e misticismo com um leque de personagens singulares, dúvidas não tenho de que esta foi uma aposta certeira. Seguir-se-á The Dream Thieves

The Immortal Rules
Julie Kagawa
Se têm por hábito seguir os circuitos internacionais, então muitos de vós devem estar já familiarizados com a série feérica desta autora—The Iron Fey. Admito que tenho o primeiro volume da referida série cá em casa, The Iron King, numa investida de conhecer um outro lado do mundo das fadas, mas, para grande infelicidade, ainda não tive a devida possibilidade de o folhear, pelo que, mesmo assim, quando vi este livro em particular numa promoção do BD, simplesmente não lhe resisti. Esta é uma nova série da autora, intitulada de Blood of Eden, onde o povo sobrenatural reinante é o vampírico. Apesar de tudo, estou muito expectante com este livro, mesmo tratando-se Kagawa de uma autora totalmente desconhecida para mim. Enfim, estou confiante!

My Soul to Save
Rachel Vincent
Oh, como eu adoro esta autora! Soul Screamers é, provavelmente, a série mais inovadora que tive o prazer de folhear, neste recente progresso no universo young adult paranormal. Após ler o primeiro volume, My Soul to Take, só Deus sabe o porquê de ter demorado tanto tempo a adquirir a sequela... e a melhor parte? Ainda me restam mais cinco volumes para descobrir! Uh, estou mesmo muito entusiasmada com esta autora e, especificamente, com este livro, pois já dei uma espreitadela às primeiras páginas e uma coisa vos posso dizer... isto promete! 

A Witch in Winter
Ruth Warburton
Não me perguntem como é que este pequeno veio para à interminável wishlist, tudo o que sei é que o vi num blogue estrangeiro e fiquei fascinada não só pela capa como, e maioritariamente, pelo vibrante comentário que a dita blogger proporcionou aos seus leitores. Escusado será dizer que se tornou compra certa, e, espero eu, num futuro muito, muito próximo, poder ainda exclamar que foi, também, uma escolha mais do que perfeita. Estou curiosa, e quero ver se lhe consigo pegar algures nos próximos dias. Fingers crossed!



Agora, as perguntas da praxe:
O que acham desta aquisições estrangeiras?
Têm por hábito aventurarem-se por terras "desconhecidas", como eu?
Ou preferem ler na nossa boa língua portuguesa?
Contem-me tudo!

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Speechless, Hannah Harrington [Review]





Author: Hannah Harrington
Publisher: Harlequin Teen (2012)
Pages: 288
Format: eBook

Description:
Everyone knows that Chelsea Knot can't keep a secret
Until now. Because the last secret she shared turned her into a social outcast—and nearly got someone killed.
Now Chelsea has taken a vow of silence—to learn to keep her mouth shut, and to stop hurting anyone else. And if she thinks keeping secrets is hard, not speaking up when she's ignored, ridiculed and even attacked is worse.
But there's strength in silence, and in the new friends who are, shockingly, coming her way—people she never noticed before; a boy she might even fall for. If only her new friends can forgive what she's done. If only she can forgive herself.


Review:
A couple of months ago I had the opportunity of taking a vow of silence as an experience. In honour of this same book, Speechless, I remained silent for a day, using only signs, a piece of paper and a pen as means of communication (if you’d like to read more about this personal journey of mine, you can check here). I can now say, with absolute sure—and I guess back then, too—, that I learned a lot, not solely about myself but about others as well, and, in a twisted kind of way, I believe I understand Chelsea’s actions and thinking a little bit better than the “average” reader.

Chelsea Knot made a mistake, a terrible, terrible mistake. She should have kept it to herself, she should have held quiet, but something inside of her forced her to spill it all out. Everyone got to know what he is. And he, Noah Beckett, almost lost his life because of it.
For someone who is used to be the core of every gossip, every rumour, to actually not spread something this big is highly complicated. I’m not going to tell you what the secret is, you must read the book to find out, but looking back and after truly analyzing what was said and what was done, I can only think that our society still has a long way to go towards equality and respect. I don’t really blame Chelsea for what she did, it was in her nature, it was who she was, who she portrayed to be, but I do censure her friends, or the ones she thought were her friends—Kristen for being a self-centred hypocrite, Warren and Joey for not accepting differences, and all the others for the way they treated her after the incident—because, in the end, she did redeemed herself, she did become a new and improved person, she did found happiness and real, true friendship, while the rest of the “popular group” simply didn’t.

I wish I could say that this book swept me off my feet, that the author’s creativity, boldness and writing style impressed me extremely, but unfortunately it wasn’t the case. I love that she picked a theme like this one, that she gave it a fun and uncommon twist—with the whole vow of silence situation—and that she, somehow, found a way of showing that people can, in fact, change and that sometimes all they need is a little push. Still, I wasn’t able to relate with any character in particular and after reading such an incredible and unforgettable book like Hopeless, it had to be a really special, exceptional and dazzling story if I was going to go crazy about it—for a second plot in a row.
Nevertheless, Speechless is the kind of story that you read out of curiosity because you seriously want to know when Chelsea is going to speak again—and, specially, due to what—, when is Sam going to kiss her, when is Andy going to forgive her, how is Noah going to be and, even more than all of this, how is she, Chelsea, going to handle every day to day without the possibility of using spoken speech. It was a good, unique read after all, just not an outstanding one. At least not to me.


Quotes:
«For once in my life, I wish everyone would just forget about me.»

«Not talking leaves me a lot of time alone with my thoughts and ever-growing paranoia. I've never been like this. So inside my own head.»

«I know now. You can be surrounded by people and still be lonely. You can be the most popular person in school, envied by every girl and wanted by every boy, and still feel completely worthless. The world can be laid at your feet and you can still not know what you want from it.»

«Not every chapter of my life is going to have a happy ending, but they all do need endings, regardless.»

«Hate is easy, but love takes courage.»


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