segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O Príncipe da Neblina, Carlos Ruiz Zafón




Título Original: El Príncipe de la Niebla
Autoria: Carlos Ruiz Zafón
Editora: Planeta Manuscrito
Nº. Páginas: 204
Tradução: Maria do Carmo Abreu


Sinopse:

O novo lar dos Carver, numa remota aldeia da costa sul inglesa, está rodeado de mistério. Respira-se e sente-se a presença do espírito de Jacob, o filho dos antigos donos, que morreu afogado.
As estranhas circunstâncias dessa morte só se começam a perceber à medida que os jovens Max, a irmã Alicia e o amigo Roland vão descobrindo factos muito perturbadores sobre uma misteriosa personagem de seu nome... o Príncipe da Neblina.


Opinião:

Um relógio que recua o tempo, um cemitério de estátuas que se movem à brisa do vento, uma família que procura refúgio face uma guerra que poucos indícios de término apresenta. O Príncipe da Neblina é um romance fantasmagórico cuja áurea sombria se estabelece num Prólogo acolhedor e se perpétua muito para além do virar da última página. Um livro algo místico, escrito com profunda delicadeza num floreado próprio de um autor experiente, onde um leque muito restrito de intervenientes experiencia a aventura das suas vidas, numa perigosa demanda contra o sortilégio da malvadez.

Max Carver é um rapaz dotado de uma curiosidade imensa, e será essa sua necessidade de descoberta e incessante busca de respostas que conduzirá aqueles de quem gosta ao encontro do mais mortal dos desafios. Mas ao que tudo indica, por toda a aldeia que rapidamente se transformou na nova casa desta família, uma sombra malévola percorre caminhos sinuosos com o objectivo de cobrar uma promessa há muito proferida. E juntamente com essa assustadora percepção, a ilusão e o imaterial tomam posse das únicas pessoas capazes de ultrapassar a ténue linha entre a realidade... e o mito.

Enquanto história, O Príncipe da Neblina é uma narrativa simples, que se preza pela não complicação do desenrolar dos acontecimentos e que se prima pelas pequenas e inestimáveis surpresas que oferece. Ainda que o começo seja algo morno, apresentando uma peculiaridade aqui e um sinal subtil ali, o enredo vai-se adensando gradualmente, culminando numa expectativa final verdadeiramente enlouquecedora. Contudo, este é um livro que entretém, maioritariamente, pela forte componente visual que oferece. Sendo uma história de terror, quem somente se debruçar nas palavras de certo não conseguirá abarcar todas as sensações desconfortáveis e instantes sofredores descritos – esta é uma obra que apela à imagem e que muito facilmente se poderia encontrar adaptada num episódio de Masters of Horror.

Quanto às personagens, mesmo com um Zafón a tentar fugir à responsabilidade de enquadrar informações relativamente ao passado das várias personalidades que agraciam esta trama entrando, logo que possível, na acção, é visível um certo crescimento nas duas que para mim foram as principais – Max e Roland –, ainda que este não tenha sido muito pronunciado, talvez pela dimensão da história que o autor queria contar. Não sendo um livro complexo, poucos são os seus intervenientes e como tal, mesmo existindo a possibilidade de se gostar mais de uns do que de outros, não creio que esta seja uma componente substancial mostrando-se mais como um meio para se atingir um fim – que é o de surpreender o leitor.

Pessoalmente, gostei dos repentinos momentos de suspense e de puro medo. Por diversas vezes dei comigo a olhar em redor, a escutar com atenção todos os sons próximos de mim, a fugir com o pensamento para os locais e os momentos arrepiantes retratados. Destaco, também, uma situação especifica que achei muito bem conseguida, e que é o contar da história por parte do avô Kray. Porém, e infelizmente, impliquei um pouco com a escrita do autor – foi a primeira vez que li Zafón – ainda que tenha consciência que, se este se tivesse expressado de forma diferente, o impacto nunca seria o sentido.

Estou curiosa com o que aí virá e quero continuar a ler esta trilogia, principalmente por se tratarem de livros com um toque especial de sobrenatural sem entrar nas ditas criaturas que ultimamente têm assombrado a literatura jovem adulta, dentro deste género. Uma aposta interessante da Planeta Manuscrito, diferente para quem ainda não se estreou no imaginário deste autor e sedutora para quem já sabe o que vai encontrar. 

2 comentários:

Lia Silva disse...

Adorei este livro, tal como adoro todos os outros do autor.

Pedacinho Literário disse...

Foi uma leitura interessante. :)

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