quinta-feira, 10 de novembro de 2011

«Sem Tempo» [Movie Bites]


Esta noite tive o privilégio de assistir a Sem Tempo (In Time, no original) algumas horas antes de este ser lançado nos cinemas. Curiosamente, foi um filme que me atraiu de imediato pelo poster com que se faz apresentar (e os nomes sonantes que o acompanham), muito antes de sequer dar uma espreitadela rápida ao trailer. Aliás, posso dizer que embarquei nesta viagem intemporal sabendo relativamente pouco sobre a história mas, em compensação, imensamente interessada em descobri-la ao longo da hora e cinquenta que a perfaz.
Para grande surpresa, Sem Tempo foi um filme de que gostei bastante, não só pela temática que aborda como pelos actores que lhe dão imagem e solidez. Sejamos honestos, quem nunca sonhou em ser imortal? Esqueçam todas as criaturas sobrenaturais que actualmente abundam na literatura mundial (e que se estão a alastrar para o cinema) e centrem-se no conceito de imortalidade em si, em ter todo o tempo do mundo... Décadas, séculos e até milénios de existência! O preço? Uns sacrifícios aqui e ali... mas a Morte? Impossível de acontecer pelas mãos da Natureza, só pelas do Homem. Ora, não seria verdadeiramente apelativo?

O tempo é, muitas vezes, por nós, meros mortais, subvalorizado. Julgamos ser eternamente jovens, eternamente inteligentes, eternamente conscientes das nossas vivências e experiências mas a verdade é que estamos bem longe disso. Aqui, em Sem Tempo, Andrew Niccol levou a essência da imortalidade e do próprio tempo a um outro nível. Com um argumento estupidamente brilhante – e atenção que, para mim, o guião é um dos componentes mais importantes num filme pois, sem uma boa história, por mais interessantes que sejam os actores, criativo que seja o realizador ou excêntrico que seja o editor ou o director de fotografia, nunca será um filme realmente bom –, Niccol cativa o espectador através de diálogos perspicazes que assentam nas suas personagens com perfeição e que servem de mote construtivo a um tema actual, cobiçado e, principalmente, convidativo.
As performances, a nível pessoal, estão todas muito boas. Olivia Wilde (Rachel Salas) continua a seduzir com o seu olhar expressivo e jovialidade. Neste papel, embora algo curto, mostra um lado muito menos negro – e que lhe fica extremamente bem – e sério do que o habitualmente encontrado em Dr. House ou, mais recentemente, em Tron – O Legado. Justin Timberlake (Will Salas) volta a provar que o seu talento não se cinge unicamente à música, encarnando aqui uma personagem agressiva, corajosa e muito pouco prudente. Uma escolha apropriada para o papel pretendido, um actor expressivo e cativante o suficiente para deixar o público agarrado ao ecrã e a sofrer de inquietação. O que me leva a uma das meninas prodígio dos Estados Unidos – Amanda Seyfried (Sylvia Weis) –, uma jovem actriz que me tem vindo seriamente a conquistar, sempre com representações credíveis, diversificadas e de grande engenho. Deixo ainda destaque para o genial Cillian Murphy (Raymond Leon), um artista na verdadeira essência do termo, num papel de autêntico homem de ferro. 

Andrew Niccol, enquanto realizador, prova ainda que não atingiu o seu auge com Gattaca ou O Senhor da Guerra. Dotado de uma criatividade e imaginação impressionantes, certamente irá continuar a surpreender no futuro... talvez até mesmo com a adaptação de The Host, romance da autoria de Stephenie Meyer. Em suma, Sem Tempo é um filme que recomendo pela forte perspectiva reflexiva que transmite e pela infinidade científica que demonstra ao mesmo tempo que entretém um espectador menos propenso a temas pesados. Recheado de acção, reviravoltas e momentos de grande intensidade emocional assim como pontuado com algumas situações mais divertidas de forma a aliviar a tensão que se sente ao longo de toda a sessão, este é um filme que espero que leve muitas pessoas ao cinema... pois, não tenho dúvida, de que irão adorar. 

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