sábado, 26 de fevereiro de 2011

A Possessão, Jennifer Armintrout


Título Original: Blood Ties – Book Two: Possession
Autoria: Jennifer Armintrout
Editora: Gailivro
Colecção: Mil e Um Mundos
Nº. Páginas: 343
Tradução: Leonor Bizarro Marques


Sinopse:

O meu pai sempre me disse que o medo é uma fraqueza. Ora, isso é fácil de dizer quando não temos de nos preocupar com caçadores de vampiros e água benta. Detesto o medo, mas a vida, ou melhor, a morte continua.
Nos dois meses que passaram desde que fui atacada, na morgue do hospital, e transformada em vampiro, já matei o meu amo malévolo, Cyrus, apaixonei-me pelo meu novo amo, Nathan, e até me acostumei a beber sangue. E quando as coisas estavam a regressar ao normal — o mais normal possível quando a luz do sol nos pode matar — Nathan é possuído. E massacra um humano inocente.
Agora tenho de encontrar Nathan antes que o Movimento Voluntário para a Extinção dos Vampiros o localize, porque estão apenas à espera de uma desculpa para o matar — a ele e a qualquer outro que seja suficientemente parvo para o ajudar. Mas isso não é o pior. Nathan está possuído pelo espírito de um dos vampiros mais malévolos de sempre, o Devorador de Almas. E quem pode imaginar quais serão os seus planos?
Com o Devorador de Almas e o meu amo possuído à solta, sinto muito medo, incluindo ser morta, outra vez.


Opinião:

A Iniciação (primeiro volume desta série, opinião aqui) veio trazer à superfície um completo e fascinante novo mundo vampírico onde o centro da questão não se foca nem no aspecto erótico que a própria essência do vampiro involuntariamente emana, nem na vertente adolescente onde o amor proibido entre dois personagens de espécies diferentes é o que faz a acção desenrolar-se. Com A Possessão, Jennifer Armintrout veio reforçar essa ideia e distinção ainda mais e, numa opinião meramente pessoal, ainda bem que o fez.

Adoptando um estratagema mais activo, com uma maior fluidez narrativa e personagens que cativam ao primeiro assombro, mostrando ainda um leque mais vasto de personalidades distintas e únicas, umas mais importantes que outras, Jennifer Armintrout deixa bastante claro para quem escreve e sobre o que escreve: direccionado para um público alvo mais adulto, a autora desenrola uma trama envolvente e, neste segundo volume, descritiva e incrivelmente intima onde as personagens principais do livro anterior não tomam, necessariamente, as rédeas. No entanto, e como seria de esperar, continuam a deter um papel importante na solução do problema apresentado de modo a que o leitor não se esqueça delas. A meu ver, isso permite ao leitor obter um conhecimento mais profundo acerca das restantes entidades um pouco mais secundárias de modo a melhor perceber tanto a forma como pensam como o que os motiva a agir, o que por si só desencadeia um afastar de monotonia e repetição referente aos possíveis sentimentos que, neste caso, Carrie e Nathan possam ao não nutrir um pelo outro e o que esse afastar ou chegar mais perto pode desencadear. Para mim, esse foi o aspecto mais forte e atractivo do livro – adorei conhecer melhor Max e ser apresentada a Bella, uma personagem que, confesso, não estava de todo à espera de encontrar. Também tive prazer em reencontrar uma personalidade que sinceramente acreditei não mais ler nesta saga e, acima de tudo, fiquei extasiada com duas outras novas na narrativa: o Rato e, claro, o Oráculo. Deixando um enigma gigantesco no ar, e tendo conhecimento da sinopse do volume que se segue, Cinzas, dificilmente o leitor conseguirá escapar aos encantamentos deste último ser sobrenaturalmente dotado.

Em termos de narrativa, não me foi tão fácil entrar profundamente na história de A Possessão como foi em A Iniciação. Por ter mais descrições sentimentais e desenvolver os personagens a um nível que o primeiro livro não mostrou, o leitor acaba por se sentir algo encafuado e sedento por mais movimento, mais adrenalina e mais acção. Contudo, penso que esta vertente mais pessoal acaba por ser importante para, tal como anteriormente referido, possibilitar ao leitor um conhecimento mais aprofundado de todos aqueles vampiros (e não só) que o acompanham por horas infinitas de puro prazer literário. Fora essa opção criativa, penso que a estrutura em si está muito bem delineada e que, com o avançar dos acontecimentos, a história acaba por naturalmente sobressair em relação ao volume anterior por albergar um conjunto mais emotivo e elevado de situações inesperadas e por, inevitavelmente, deixar no leitor um impulso curioso em descobrir mais acerca dos reais planos do Devorador de Almas, de como Bella e Max vão resolver o enorme problema que têm em mãos, que vai Carrie fazer agora que sabe não ser capaz de aguentar e, principalmente, aceitar ser colocada em segundo plano e, quem sabe, descobrir um pouco mais acerca daquela personagem incrivelmente sedutora e amistosa que surpreendentemente voltou a surgir.

Embora tenha alguns aspectos negativos, como qualquer livro, A Possessão foi uma história que, após o entorpecimento inicial, me deu um verdadeiro gosto folhear. Como esperado e sendo já habitual neste género literário, é um livro que sujeita o leitor a uma leitura rápida e carenciada, com um toque muito moderno e uma fluidez profunda e, em última análise, necessária. Deixo ainda uma referência importante e bastante divertida no livro – não é que chegamos a conhecer Lord Byron?
Conquistou-me!

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