Título Original: Snow Like Ashes
Autoria: Sarah Raasch
Série: Snow Like Ashes, #1
Editora: Balzer + Bray
N.º Páginas: 416
Sinopse
Sixteen years ago the Kingdom of Winter was conquered and its citizens enslaved, leaving them without magic or a monarch. Now, the Winterians’ only hope for freedom is the eight survivors who managed to escape, and who have been waiting for the opportunity to steal back Winter’s magic and rebuild the kingdom ever since.
Orphaned as an infant during Winter’s defeat, Meira has lived her whole life as a refugee, raised by the Winterians’ general, Sir. Training to be a warrior—and desperately in love with her best friend, and future king, Mather — she would do anything to help her kingdom rise to power again.
So when scouts discover the location of the ancient locket that can restore Winter’s magic, Meira decides to go after it herself. Finally, she’s scaling towers, fighting enemy soldiers, and serving her kingdom just as she’s always dreamed she would. But the mission doesn’t go as planned, and Meira soon finds herself thrust into a world of evil magic and dangerous politics – and ultimately comes to realize that her destiny is not, never has been, her own.
Opinião
Durante meses e meses andei à procura do momento certo para me entregar à leitura deste romance da fantasia. E nem quis acreditar quando a oportunidade surgiu em meados deste mês, numa leitura conjunta à qual deixo o meu agradecimento – o empurrão extra que indubitavelmente precisava para finalmente retirar este livro da estante.
Snow Like Ashes é um daqueles raros exemplos em que não consigo sequer colocar em palavras o quanto ansiava, e desejava, ler. Com uma capa magnífica, que me fascina de toda a vez que olho para ela, e elementos fantásticos que me deixaram mais do que curiosa, folheá-lo seria uma questão de tempo, ainda que a expectativa, essa, fosse sempre crescendo, e crescendo, e crescendo.
O mundo que Sara Raasch criou neste que é um sonho seu de criança é mais do que suficiente para me agradar e deixar satisfeita. Adoro, por completo, a divisão entre reinos sazonais e reinos repletos de estações, e a forma como a magia se encontra dividida pelos oito, exercendo o seu poder e atracção, e tomando um lugar de destaque neste primeiro volume da trilogia.
Winter foi destruído pela força e ganância sombrias de Angra, Shadow of the Seasons e rei de Spring. Todos os habitantes que não pereceram face a determinação bruta dos soldados de Spring encontram-se agora escravos em campos de trabalho espalhados por todo o reino. Somente 25 pessoas sobreviveram ao ataque que matou Hannah, rainha de Winter, mas não o seu herdeiro directo. E dessas 25 almas, algumas já foram apanhadas pela morte que Angra persiste em oferecer aos Winterians.
Meira nasceu em Winter mas toda a sua vida cresceu em cidades dispersas e tendas improvisadas. Sir é a pessoa que mais quer agradar, e Mather o futuro rei que não consegue esquecer. Até que uma série de acontecimentos muda tudo... e Snow Like Ashes mostra o potencial da criatividade de Raasch numa história que oferece um pouco de tudo.
Fora toda a componente envolvente do mundo que Raasch criou para esta obra, e que uma vez mais friso que me deixou absolutamente vidrada, o resto do todo deixa um pouco a desejar. O início deste enredo é algo abrupto, recheado de informação que poderia ter sido disponibilizada mais espaçadamente, e de indecisões pessoais de Meira que se mostram repetitivas. A partir do instante em que Spring entra na acção, como parte integrante do texto, o entusiasmo e interesse crescem e a vontade de continuar a percorrer as páginas intensifica-se. Porém, Meira continua uma protagonista algo instável, com fortes mutações a nível de pensamento, e gestos, momentos de destaque e protagonismo, que se resolvem demasiado depressa dada toda a história, e dúvidas, e receios que a envolve.
Outro ponto menos satisfatório e que veio deixar um sabor algo agridoce é o triângulo amoroso que se inicia em Snow Like Ashes e que, aparentemente, irá passar para o livro que se segue, Ice Like Fire. Mather é o futuro rei e por isso compreende-se a distância que tem de haver entre dois adolescentes que sempre se conheceram e que cresceram juntos, mas gostava que a autora tivesse dado um pouco mais de destaque a esta personagem e que a mesma se tivesse mostrado mais – mais da sua personalidade, mais dos seus defeitos, mais do que de si é pretendido. Já Theron, o outro lado do triângulo, é aquele tipo de príncipe cujo passado algo sofrido o tornam a figura perfeita. Quase que fica a sensação de que Theron é da maneira que é propositadamente, que a sua paixão pela arte, e o seu amor pelo que é correcto, e a sua virtude para com o seu povo foram assim ditados para que o leitor pendesse a sua balança para o lado dele – e talvez por isso, não me convenceu por completo. Secretamente, admito que desejo que Theron se revele o absoluto contrário do que é, ou que mostre um lado menos exímio, mais duvidoso e misterioso. Há que ter esperança!
Raasch tem uma escrita detalhada e rica, como eu gosto de encontrar num romance de fantasia a roçar o épico, e um modo de transmitir o pensamento interno da sua protagonista muito transparente e real. Ainda assim, gostava que tivesse havido mais consistência e que o uso da repetição fosse ligeiramente inferior, com um pouco mais de pormenor em momentos mais rápidos e um pouco menos de realce em introspecções que já anteriormente tinham servido o seu propósito.
No final de contas, fica uma sensação de satisfação. Não foi um começo extraordinário nem aquilo que verdadeiramente estava à espera, mas o mundo cumpre o que promete, as personagens têm bastante potencial e a escrita de Raasch é distinta o suficiente para me manter interessada. Os pequenos pormenores em torno da magia e das linhagens são magníficos e o desfecho permite antever uma trilogia que ainda tem muito para dar.
«Someday we will be more than words in the dark.»
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