Título Original: All The Bright Places
Autoria: Jenniver Niven
Editora: Nuvem da Tinta
N.º Páginas: 360
Sinopse
Violet Markey vive para o futuro e conta os dias que faltam para acabar a escola e poder fugir da cidade onde mora e da dor que a consome pela morte da irmã. Theodore Finch é o rapaz estranho da escola, obcecado com a própria morte, em sofrimento com uma depressão profunda. Uma lição de vida comovente sobre uma rapariga que aprende a viver graças a um rapaz que quer morrer. Uma história de amor redentora.
Opinião
Há livros com uma capacidade extraordinária de destruir os seus leitores.
No virar da última página, não sei o que se tornou de mim. As lágrimas eram mais do que muitas, o desespero intenso, sufocante, e a dor inexplicável. Fala-me de um dia perfeito não é, decididamente, um romance para corações sensíveis – como o meu! – mas é uma daquelas histórias intemporais, com temas que deveriam de ser mais frequentemente explorados, e que fala de uma realidade que nos atinge a todos, de uma ou de outra maneira.
Este não foi um começo fácil. Jennifer Niven tem uma escrita bonita, que embala o seu leitor e que o faz esquecer do constante, e por vezes quase frenético, virar da página. A jovialidade, simpatia e humor da autora em si – que já tive o prazer de conhecer em pessoa – transparece em cada linha, e em cada frase deste enredo, e esse conforto insubstituível faz com que o leitor se emocione e se deixe ligar não somente com as temáticas retratadas como com as próprias personagens que tanto, mas tanto têm a oferecer.
Theodore Finch não é uma figura comum. A sua excentricidade é bela, e poética, e absolutamente mental, talvez até mesmo doente, mas o seu íntimo, a sua força, a sua determinação são imbatíveis e o seu amor pelo excepcional, pelo misterioso, pelo tantas vezes incompreendido é, sem dúvida, contagiante. Ao início confesso que me foi um pouco difícil entender a sua personalidade, a sua extravagância, mas assim que me deixei levar pelos caminhos incertos e emoções turbulentas não houve como voltar atrás e vi-me, então, irremediavelmente apaixonada por esta personagem.
Violet Markey é o reverso da medalha de Finch, sendo tudo o que este não é e aceita não ser. Popular, conscienciosa e em tudo cuidadosa, Violet segue a vida em bicos de pés com medo de que tudo à sua volta se desmorone – ainda mais do que já desmoronou. Mas é maravilhoso ver o seu desabrochar com a ajuda de Finch, ver o seu despertar para a vida, a sua vontade crescer, a sua normalidade voltar, o seu eu voltar a ser um eu completo e não somente um fragmento do que outrora foi.
Estas duas personagens são a verdadeira alma e o real coração deste livro e sem ambas, sem as particularidades de cada uma, sem os seus desgostos, e os seus medos, e as suas manias, e os seus problemas, nada seria igual.
Um autêntico tumulto de emoções, Fala-me de um dia perfeito aborda temas que o enriquecem ainda mais. Desde o suicídio juvenil, a desgostos familiares, passando por mortes precoces, bullying, agressão dentro do seu familiar, problemas do foro mental e a única e indescritível aventura da descoberta de si mesmo, este é um daqueles romances young adult que oferece muito para lá do entretenimento, muito para lá do que é bonito na idade jovem, e muito para lá do que genuinamente significa estar-se vivo.
Houve um momento neste livro que arrasou por completo comigo – que me marcou, que me asfixiou, que fez o meu coração saltar uma batida e correr atrás do desconhecido. Esse momento, esse devastador instante, ainda que tenha dado lugar a um conjunto de páginas inquestionavelmente enternecedores, foi o que realmente me fez apaixonar por este livro. Eu já sabia que isso acontecer, conseguia senti-lo cá no íntimo, e nota-se que Niven vai deixando pequenas peças desse puzzle ao longo da sua história, mas quando aconteceu... não sei. Não quis acreditar, não quis continuar a ler, não quis aceitar que pudesse mesmo acontecer e essa sensação é o que de mais extraordinário um livro pode incidir num leitor. Niven encheu-me o coração de amor, e de beleza intricada, e de singularidades, e depois despedaçou-o impiedosamente – e eu adoro-a por isso.
Fala-me de um dia perfeito trata-se de um romance que todo o jovem – adulto ou não – deveria de ler. Ensina que todos os dias podem ser perfeitos se estivermos dispostos a isso, e que quando temos um problema, quando não nos sentimentos confortáveis na nossa pele e na nossa mente, que devemos de procurar ajuda, e alivio, mesmo que essa liberdade se reproduza em algo incompreensível e misterioso.
«Tu és todas as cores numa, com o brilho máximo.»
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