Título Original: The Iron Trial
Autoria: Holly Black & Cassandra Clare
Série: Magisterium, #1
Editora: Planeta Manuscrito
N.º Páginas: 320
Sinopse
A maior parte dos miúdos faria qualquer coisa para passar na Prova do Ferro.
Mas não Callum Hunt.
Callum quer falhar.
O pai ensinou-o a desconfiar da magia e explicou-lhe que o Magisterium, a escola onde os aprendizes de Magos são treinados, é uma armadilha fatal. Callum tenta fazer o seu melhor para ser o pior de todos os candidatos – mas não consegue falhar.
Superada a Prova do Ferro, não lhe resta outra opção, senão entrar para o primeiro de cinco anos de aprendizagem no Magisterium – um lugar povoado de memórias e de abismos, onde a herança negra do passado nunca está longe e o futuro é um caminho sinuoso na direcção da verdade. A Prova do Ferro foi apenas o início, porque o verdadeiro teste ainda está para vir…
Opinião
Não imaginam ao tempo a que ando para escrever esta opinião.
Aventurei-me pelas páginas deste pequeno grande livro do fantástico algures no final do ano passado, e gostei tanto da sua história, e das suas personagens, e da sua complexidade que vi-me completamente impossibilitada de organizar todos os pensamentos, e sentimentos, e palavras de forma coerente e colocá-los, a todos, numa opinião. Não é que agora sinta que o consigo fazer – até porque já se passou demasiado tempo para recordar todos os pormenores – mas uma vez que A Manopla de Cobre foi publicado, e é a minha actual leitura, pensei cá para os meus botões: porque não tentar escrever algo minimamente decente sobre A Prova do Ferro? Que tenho eu a perder? Absolutamente nada. Por isso, aqui vai.
Ao contrário de todas as crianças do seu mundo, Callum foi educado na visão de que deveria, sempre e com todas as suas forças, falhar a Prova do Ferro. Entrar na escola onde a magia é reinante, Magisterium, não só seria um desastre como, também e possivelmente, a sua morte. É imperial que Callum não passe no teste, que Callum não se deixe levar pelas ideias imaginárias mas tão, tão falsas das outras crianças, e que se concentre em falhar. Em voltar para casa, para junto do seu pai – aquele que o ensinou e eternamente encorajou. Mas a sorte não está do seu lado e Callum sofre um percalço inesperado, certamente sombrio, e que o levará aos confins de Magisterium... mas se Callum julgava ser detentor de toda a verdade sobre tão especial escola, e sobre o seu próprio passado assim como futuro, engana-se. Nada o poderia alguma vez preparar para o que está por vir...
Há quem compare este livro – e, consequentemente, esta saga – à série do Harry Potter mas deixem-me que vos diga que as semelhanças começam a terminam com o trio principal e a componente mágica. Toda a construção do enredo, e até mesmo a ideia que serve de base a toda a narrativa, é diferente – e única. Esta é, sem sombra de dúvidas, uma história cheia de reviravoltas e surpresas bem, muito bem, escondidas que são reveladas no momento certo. É verdadeiramente difícil, ao leitor, respirar e acalmar o tumulto constante de emoções e sensações que se vê embelezado por uma escrita maravilhosa e tão apropriada ao seu género. Nota-se as nuances mágicas, a beleza das palavras. E o contributo de ambas as escritoras é tão essencial às personagens e ao mundo, tão bem mesclado e em sintonia, que se torna impossível de identificar onde uma termina e a outra começa.
Gostei bastante das personagens.
Callum é aquele tipo de figura principal que poderia ser um herói mas que não o é muito devido às circunstâncias do destino. Coragem não lhe falta, assim como curiosidade, mas a sua postura para com o Magisterium e a própria vida fez com que ao início não gostasse muito dele e da sua aura – algo que se foi modificando com o desenrolar da acção.
Já as outras duas pontas do trio, Tamara e Aaron, foram uma surpresa do princípio ao fim. Tamara é a típica rapariga inteligente que sabe tudo sobre tudo, muito ao jeito de Hermione Granger, mas muito menina do seu nariz e com uma personalidade vincada. Já Aaron é um mistério. Quase nada se sabe do seu passado, e das suas raízes, mas a sua doçura é transparente para o leitor e, por isso, não tive como não me deixar encantar pela sua pessoa.
Outro ponto muito forte é a simbologia da/e a própria magia criada para este mundo. A força dos elementos sempre foi tema que me fascinou, e gostei particularmente da forma como Holly Black e Cassandra Clare exploram todas as suas componentes – o fogo que quer queimar, a água que quer fluir, o ar que se quer erguer, a terra que se quer unir e... o caos que quer devorar. O Caos é, obviamente, a potencialidade que maior fascínio despertou em mim e pelo qual anseio descobrir mais, mas todos os restantes quatro elementos são de um poder, e de um misticismo, gigantesco.
A Prova do Ferro é daqueles livros que embora seja direccionado a um público mais juvenil facilmente agradará a qualquer leitor – principalmente se esse leitor for fã da série Harry Potter. A potencialidade está toda lá, assim como as armas certas, as questões intrigantes e as personagens que cativam... Assim como a arte, tanto Black como Clare têm dons, escritas que conheço e que nunca me desiludiram pelo que espero, e esperarei sempre, algo extraordinário de ambas – ainda mais se estiverem a escrever juntas, como é o caso. Uma obra muito boa que me encantou sobremaneira e que seguirei, atentamente, no futuro – tenha que idade tiver.