Título Original: An Ember in the Ashes
Autoria: Sabaa Tahir
Série: An Ember in the Ashes, #1
Editora: Editorial Presença
Colecção: Via Láctea, N.º 132
N.º Páginas: 384
Sinopse
Conseguirão Elias e Laia fugir à sua própria sorte?
Elias pertence aos Ilustres, as famílias da elite do Império. Desde os seis anos que treina na Academia Militar de Blackcliff para se tornar um dos soldados mais implacáveis ao serviço dos Marciais.
Laia pertence aos Eruditos, um povo oprimido pelo jugo firme dos Marciais. Quando o seu irmão é preso e acusado de traição, Laia procura a ajuda da Resistência. Em troca, tem de se infiltrar como escrava em Blackcliff.
Quando se conhecem, Elias e Laia percebem que as suas vidas estão interligadas — e que as escolhas de ambos podem mudar o destino do Império.
Este mundo ricamente detalhado, com traços da Roma Antiga, é o palco de uma aventura empolgante que tem cativado milhares de leitores.
Opinião
Com um lugar de destaque na lista de futuras leituras, este foi um daqueles romances do fantástico que mal podia esperar por devorar. As expectativas estavam um pouco altas, muito devido aos comentários positivos espalhados por aí, e a vontade em me deixar embrenhar num estilo quase romano, quase místico, de academias e escravos, de revoluções e criaturas assombrosas, era mais do que intensa e sufocante... pelo que, simplesmente, não resisti a deixar-me levar pelas vidas marcadas de Laia e Elias.
Uma Chama entre as Cinzas é, então, uma obra de enorme adrenalina, onde se nota o cuidado que Sabaa Tahir teve no desenrolar da acção, no desencadeamento dos vários acontecimentos chave, e no tecer do destino de cada uma das suas personagens. Não livrou Laia e Elias de sofrimento desenfreado e de medo crónico, mas deixou sempre em aberto uma réstia de esperança, uma luz ao fundo do túnel, que lhes permitisse ganhar forças de modo a lutar contra uma Comandante de mão pesada e um Regime baseado no controlo e na hierarquia.
Esta é uma obra a duas vozes – e sobre duas realidades em tudo diferentes mas que se unem no propósito e no desejo de liberdade e justiça. Laia representa os Eruditos, uma facção que outrora deteve força e conhecimento mas que neste momento somente sobrevive num mundo demasiado árduo, enquanto Elias mostra o poder dos Marciais, enquanto um dos mais promissores Máscara de Blackcliff. Para Laia, Elias é o inimigo, um igual ao que roubou a sua família, ao que emprisionou o seu irmão; e para Elias, Laia é um refúgio onde a esperança ainda existe.
De entre os dois protagonistas, para mim foi Elias quem se destacou – mostrando uma presença mais forte e robusta, um intelecto um pouco menos coerente de modo a criar mais conflito, e um crescimento que afectou um leque mais vasto de intervenientes. Porém, foi com algum pesar que no final da leitura me apercebi que não me foi possível verdadeiramente ligar a nenhuma das personagens. Entendo os seus objectivos, aceito as suas acções, mas não existe uma sintonia entre mim, enquanto leitora, e eles, enquanto protagonistas, que me leve a recear e a sofrer horrores sobre as teias que se foram tecendo ao longo da narrativa – e sobre os possíveis acontecimentos que possam resultar como consequência da recta final de Uma Chama entre as Cinzas.
Adorei, no entanto, a ambiência criada por Sabaa Tahir. A imposição e opressão de Blackcliff, a decadência e desleixo de uma sociedade empobrecida e em ruína, o misticismo de criaturas que somente são realidade nos contos de fadas – ou nos pesadelos –, e a sensação dúbia, de mistério, de suspeita da Resistência, do seu propósito e papel neste mundo tão maior que eles.
Os testes captaram, por completo, a minha atenção. Gostava, contudo, que a autora lhes tivesse dedicado mais tempo e páginas. Penso que um ou outro foram resolvidos de forma demasiado breve, enquanto que se Tahir lhes tivesse conferido mais detalhes e ‘importância’, todo o acontecimento em si poderia ter atingido proporções épicas.
No final de contas fica a vontade de ler o segundo volume da série, A Torch Against the Night, e a curiosidade pelo que está para vir uma vez que Uma Chama entre as Cinzas terminou num ponto marcante da história, onde tudo pode mudar a qualquer momento. Porém, nota-se que esta é uma obra estreante e que a autora tem ainda um bom caminho a percorrer – nomeadamente no que diz respeito ao desenvolver mais pormenorizado de certos instantes narrativos e na ligação emotiva entre personagens e entre protagonistas e leitor. Ainda assim, uma obra bastante diferente e com uma abordagem curiosa e interessante à fantasia young adult – um dos meus géneros favoritos.
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