Título Original: Cruel Beauty
Autoria: Rosamund Hodge
Editora: Balzer + Bray (HarperCollins US)
N.º Páginas: 342
Sinopse
Based on the classic fairy tale Beauty and the Beast, Cruel Beauty is a dazzling love story about our deepest desires and their power to change our destiny.
Since birth, Nyx has been betrothed to the evil ruler of her kingdom-all because of a foolish bargain struck by her father. And since birth, she has been in training to kill him.
With no choice but to fulfill her duty, Nyx resents her family for never trying to save her and hates herself for wanting to escape her fate. Still, on her seventeenth birthday, Nyx abandons everything she's ever known to marry the all-powerful, immortal Ignifex. Her plan? Seduce him, destroy his enchanted castle, and break the nine-hundred-year-old curse he put on her people.
But Ignifex is not at all what Nyx expected. The strangely charming lord beguiles her, and his castle-a shifting maze of magical rooms-enthralls her.
As Nyx searches for a way to free her homeland by uncovering Ignifex's secrets, she finds herself unwillingly drawn to him. Even if she could bring herself to love her sworn enemy, how can she refuse her duty to kill him? With time running out, Nyx must decide what is more important: the future of her kingdom, or the man she was never supposed to love.
Opinião
Sabem quando um livro vos enche, por completo, as medidas? E sentem que não conseguem fazer mais nada que não seja pensar sobre ele e falar sobre ele?
Não sei o que esperava desta história. Não sei quais eram as minhas expectativas, somente a minha curiosidade – e essa era gigantesca. Cruel Beauty é muito mais que uma capa bonita. Trata-se de uma abordagem ímpar e altamente fascinante de um dos contos Disney de que mais gosto, A Bela e o Monstro. Só que neste romance do sobrenatural o monstro não é uma mistura física de atributos de vários animais e sim um demónio cujo dom e propósito é encetar acordos, tratos, com meros mortais; e a bela não é uma rapariga inocente e de bom coração que se vê presa num castelo e num casamento impossível e sim alguém que foi treinada para matar aquele que será o seu futuro marido. Rosamund Hodge criou um mundo maravilhoso que mistura de forma exímia contos de fadas com mitologia greco-romana e egípcia, ao mesmo tempo que confere à história um toque único de excelência narrativa através de personagens abundantemente atractivas e consistentes, diálogos cortantes e directos, e uma ambiência épica e fantasiosa que me encantou sobremaneira.
Nyx perdeu as rédeas do seu destino quando, aos nove anos, se viu forcada a aprender as artes Herméticas com o intuito de salvar o seu reino – destruir o demónio que tem vindo a matar centenas de pessoas e que enclausurou tantas outras numa redoma de retalhos tornou-se a sua prioridade, e o seu propósito de vida. Mas este demónio, que se tornará seu marido, tem a forma de um atraente príncipe das trevas que fará de tudo para que a sua existência imortal se mantenha inalterada. Porém, nas sombras vive Shade, um aliado inesperado e igualmente prisioneiro de um mundo sem luz e de um castelo sem liberdade, que poderá virar o jogo a qualquer instante… E se os intricados sentimentos de Nyx não fossem, de si só, um possível obstáculo à conclusão da sua missão, os segredos e intenções que movem Ignifex e Shade sem dúvida que o serão.
Escrever que adorei estas personagens é um eufemismo. Nyx é, possivelmente, das protagonistas mais sólidas e bem trabalhadas que tive o prazer de ler numa obra young adult. A sua personalidade é como um jardim em flor, em que cada uma das suas emoções, sentimentos e acções representa um desabrochar diferente. No seu todo, Nyx apresenta uma sinceridade tocante e uma série de dilemas e promessas que não sabe ser capaz de cumprir, e talvez por isso, por o leitor ter um acesso tão fácil a tudo o que a rodeia, exterior e internamente, é que este se sente imensamente próximo do seu crescimento enquanto personagem, e sem dúvida embalado pelo que poderá advir. Salvar Arcadia, o seu reino, é um encargo que se encontra embrenhado no seu ser, mas o seu destino viu-se reescrito no momento em que foi deixada às portas do seu novo futuro, na expectativa de enfrentar um desfecho que resultaria na sua morte.
Ignifex, por seu lado, trata-se de um protagonista que o leitor não tem como não odeiar a princípio, embora venha a mudar a sua opinião mais tarde. A maldade que lhe corre nas veias é visível em cada uma das suas acções, em cada uma das suas respostas e negócios, mas o desenrolar narrativo oferece-lhe um novo olhar, uma frescura mais suave e agradável que rapidamente conquista a atenção, e encanto, do leitor. Já Shade é o seu aposto – ou, para mim, assim o foi. Comecei por ansiar pela sua presença e sinceridade, tecendo possibilidades quanto ao seu passado e receios quando ao seu futuro, mas algo na sua essência grita por socorro e essa é uma impressão que não cessa, que não desiste de estar marcada no texto – e que traz consigo uma série de reviravoltas.
Cruel Beauty é uma história de pormenores. Uma obra cujo worldbuilding não só impressiona quanto maravilha. Uma obra cujas personagens saltam para fora da página, dotadas por uma vivência e realismo invejáveis. Uma obra cujas matizes narrativas se embrenham de forma belíssima de modo a criar algo diferente, singular e absolutamente deslumbrante. Cruel Beauty é já uma das grandes obras do ano – das minhas leituras – e uma história que sei que vou querer reler em breve. E digo-vos que não há nada como perceber quão elegante, exímio e intricado é o conteúdo de um livro quando a sua capa apresenta as mesmas qualidades sensoriais. Crimson Bound tem data de lançamento prevista para o próximo mês, e embora este retelling d’O Capuchinho Vermelho seja independente do mundo e personagens de Cruel Beauty, dúvidas não me restam quanto à vontade que tenho de o ter nas mãos.
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