Título Original: Under the Never Sky
Autoria: Veronica Rossi
Editora: Planeta Manuscrito
Nº. Páginas: 296
Tradução: Irene Daun e Lorena & Nuno Daun e Lorena
Sinopse:
O mundo mantinha-os separados, mas o destino reuniu-os. Aria viveu toda a vida no Casulo protegido de Reverie. Este era o seu mundo e nunca pensou sobre o que estaria para lá das fronteiras. Mas, quando a mãe desaparece, Aria vê-se confrontada a sair para o exterior para a procurar, e a sobrevivência no deserto o tempo suficiente para a encontrar parece impossível. Então Aria encontra um estranho chamado Perry. Ele também está à procura de alguém.
Mas é um Externo, um Selvagem, contudo é a única pessoa capaz de a manter viva na travessia do deserto. E se conseguirem sobreviver serão a esperança um do outro para encontrar respostas às perguntas que vão surgindo à medida que se vão conhecendo.
Opinião:
Admito, estava com algum receio em pegar nesta leitura. E isso por a) ter as expectativas demasiado em alta uma vez que se tratava de um livro que me tinha vindo a suscitar interesse desde ainda antes de ter sido traduzido para português e b) por já ter tentado, anteriormente, dedicar-me à sua leitura deparando-me, por sua vez, com um começo algo confuso e pouco explicativo, pouco dinâmico, o que me levou a adiar a leitura. Ainda assim, a vontade de folhear aquela que desde muito cedo prometia ser uma distopia desigual e absolutamente única persistiu, e, em força, batalhou e venceu.
A capa. A capa foi a minha primeira perdição — e consequente rendição. Agradou-me imenso tomar conhecimento que a editora iria manter o mesmo design da edição original, o que, na minha opinião, se traduziu numa capa que é maravilhosamente, indiscutivelmente e espectacularmente bonita, e atraente, e convincente, e susceptível a desencadear toda uma série de premonições, e deduções, e possíveis desfechos, possíveis acontecimentos. Gosto. Gosto muito e, para mim, nada há de melhor do que juntar uma capa especial a um conteúdo ainda mais vibrante.
Embora me tenha sentido algo perdida no começo desta história, foi com um impressionante sentido de admiração e surpresa que voltei a encontrar o meu rumo e, seguindo as passadas de Aria e Perry, me deparei com um universo distópico tão natural, tão diferente e excepcional que rapidamente me vi submissa dos desafios humanos, das demandas familiares e dos conflitos sobrenaturais a que os protagonistas, numa constante, se viram a meias de enfrentar. Confesso que me agradou sobremaneira a não existência, clara e perdidamente óbvia, de um governo opressor e dominador. Ao invés, temos duas realidades distintas mas que em muito partilham semelhanças: seja no meio da floresta, numa tribo, ou num casulo debaixo de terra, a força existe e decisões são tomadas mas o verdadeiro inimigo é aquele que se esconde por detrás de um sorriso sedutor, de uma realidade alternativa e de uma falsa sensação de segurança, de conforto, tantas vezes expressa pelo laço de sangue.
Com a narrativa dividida em duas perspectivas singulares — a visão dura e polémica de uma realidade primitiva, Peregrino, ou Perry, e o panorama enlouquecido de um presente distorcido e perigoso, Aria — fui levada tanto a conhecer a peculiaridade dos Reinos — realidades virtuais com o propósito de entreter os Toupeiras, habitantes dos Casulos, como Aria, que não têm como encarar o mundo exterior — como a originalidade da humanidade bárbara, onde a caça é essencial para a sobrevivência da espécie ao mesmo tempo que a mutação, tão digna destas paragens, marca, com elementos sobrenaturais, figuras selvagens e ferozes. Seers — aqueles que têm a habilidade de ver a longas distâncias, aqueles que são esbeltos e usam o arco e a flecha como salvação —, Auds — aqueles que dominam a audição como nenhum outro, e que são capazes de escutar pensamentos através do simples toque, ao mesmo tempo que se transformam em assassinos perfeitos —, e Scires — os que divisam os temperamentos, as sensações emanadas pelas emoções sentidas, sendo assim, os mais poderosos de todos — são somente a base paranormal que permeia as páginas de Sob o Céu Que Não Existe com sensações mil e descrições tão belas, tão realistas e palpáveis que se torna impossível parar.
Perry é um Seer, vencendo a noite como ninguém, mas é também um Scire, o que o torna numa figura dominante e algo imprudente, solitária mas altamente enredada no conceito familiar, naqueles que ama verdadeiramente. Um Selvagem, sem dúvida, que deseja chefiar, que anseia liderar uma tribo um busca do Sempre Azul — uma terra onde se acredita não existir Aether, um elemento sobrenatural com o poder de devastar aldeias inteiras e que transforma o céu num céu que não existe — mas que se deixa apaixonar por uma Aria que não pode, nunca, ser sua. Aria, por sua vez, ao deparar-se com uma realidade desconhecida, desencadeia em si alterações, mudanças físicas, que a mudarão para sempre. Mas é o seu instinto de sobrevivência, a sua garra por encontrar a mãe, por saber mais sobre o seu passado e por melhorar o seu futuro que a transformam, lentamente, na guerreira que outrora não o foi, mas que actualmente o é.
Sim, gostei imenso deste livro por todas as componentes únicas que oferece, pela viagem amorosa que não tem pressa em consolidar, e pelos objectivos fortes, propósitos sinceros, honestos, verdadeiros, que movem as personagens. Várias foram as figuras secundárias que apareceram e que me suscitaram um enorme interesse, por exemplo Rugido (ou Roar, no original, que não acredito ter sido necessário traduzir) e Cinder, mas também a ausente Liv. Contudo, foi a escrita única, pautada, e atmosfericamente bela, a narrativa surpreendente, excitante e nova, e as personagens invulgares, notáveis e até algo excêntricas que verdadeiramente me conquistou nesta história. Gostei mesmo muito de Sob o Céu Que Não Existe e se vos acontecer o mesmo que a mim, se se sentirem inicialmente confusos e perdidos na história, não desesperem e, principalmente, não desistam. Vale a pena. Este é um livro que vale, cem por cento, a pena.
Autoria: Veronica Rossi
Editora: Planeta Manuscrito
Nº. Páginas: 296
Tradução: Irene Daun e Lorena & Nuno Daun e Lorena
Sinopse:
O mundo mantinha-os separados, mas o destino reuniu-os. Aria viveu toda a vida no Casulo protegido de Reverie. Este era o seu mundo e nunca pensou sobre o que estaria para lá das fronteiras. Mas, quando a mãe desaparece, Aria vê-se confrontada a sair para o exterior para a procurar, e a sobrevivência no deserto o tempo suficiente para a encontrar parece impossível. Então Aria encontra um estranho chamado Perry. Ele também está à procura de alguém.
Mas é um Externo, um Selvagem, contudo é a única pessoa capaz de a manter viva na travessia do deserto. E se conseguirem sobreviver serão a esperança um do outro para encontrar respostas às perguntas que vão surgindo à medida que se vão conhecendo.
Opinião:
Admito, estava com algum receio em pegar nesta leitura. E isso por a) ter as expectativas demasiado em alta uma vez que se tratava de um livro que me tinha vindo a suscitar interesse desde ainda antes de ter sido traduzido para português e b) por já ter tentado, anteriormente, dedicar-me à sua leitura deparando-me, por sua vez, com um começo algo confuso e pouco explicativo, pouco dinâmico, o que me levou a adiar a leitura. Ainda assim, a vontade de folhear aquela que desde muito cedo prometia ser uma distopia desigual e absolutamente única persistiu, e, em força, batalhou e venceu.
A capa. A capa foi a minha primeira perdição — e consequente rendição. Agradou-me imenso tomar conhecimento que a editora iria manter o mesmo design da edição original, o que, na minha opinião, se traduziu numa capa que é maravilhosamente, indiscutivelmente e espectacularmente bonita, e atraente, e convincente, e susceptível a desencadear toda uma série de premonições, e deduções, e possíveis desfechos, possíveis acontecimentos. Gosto. Gosto muito e, para mim, nada há de melhor do que juntar uma capa especial a um conteúdo ainda mais vibrante.
Embora me tenha sentido algo perdida no começo desta história, foi com um impressionante sentido de admiração e surpresa que voltei a encontrar o meu rumo e, seguindo as passadas de Aria e Perry, me deparei com um universo distópico tão natural, tão diferente e excepcional que rapidamente me vi submissa dos desafios humanos, das demandas familiares e dos conflitos sobrenaturais a que os protagonistas, numa constante, se viram a meias de enfrentar. Confesso que me agradou sobremaneira a não existência, clara e perdidamente óbvia, de um governo opressor e dominador. Ao invés, temos duas realidades distintas mas que em muito partilham semelhanças: seja no meio da floresta, numa tribo, ou num casulo debaixo de terra, a força existe e decisões são tomadas mas o verdadeiro inimigo é aquele que se esconde por detrás de um sorriso sedutor, de uma realidade alternativa e de uma falsa sensação de segurança, de conforto, tantas vezes expressa pelo laço de sangue.
Com a narrativa dividida em duas perspectivas singulares — a visão dura e polémica de uma realidade primitiva, Peregrino, ou Perry, e o panorama enlouquecido de um presente distorcido e perigoso, Aria — fui levada tanto a conhecer a peculiaridade dos Reinos — realidades virtuais com o propósito de entreter os Toupeiras, habitantes dos Casulos, como Aria, que não têm como encarar o mundo exterior — como a originalidade da humanidade bárbara, onde a caça é essencial para a sobrevivência da espécie ao mesmo tempo que a mutação, tão digna destas paragens, marca, com elementos sobrenaturais, figuras selvagens e ferozes. Seers — aqueles que têm a habilidade de ver a longas distâncias, aqueles que são esbeltos e usam o arco e a flecha como salvação —, Auds — aqueles que dominam a audição como nenhum outro, e que são capazes de escutar pensamentos através do simples toque, ao mesmo tempo que se transformam em assassinos perfeitos —, e Scires — os que divisam os temperamentos, as sensações emanadas pelas emoções sentidas, sendo assim, os mais poderosos de todos — são somente a base paranormal que permeia as páginas de Sob o Céu Que Não Existe com sensações mil e descrições tão belas, tão realistas e palpáveis que se torna impossível parar.
Perry é um Seer, vencendo a noite como ninguém, mas é também um Scire, o que o torna numa figura dominante e algo imprudente, solitária mas altamente enredada no conceito familiar, naqueles que ama verdadeiramente. Um Selvagem, sem dúvida, que deseja chefiar, que anseia liderar uma tribo um busca do Sempre Azul — uma terra onde se acredita não existir Aether, um elemento sobrenatural com o poder de devastar aldeias inteiras e que transforma o céu num céu que não existe — mas que se deixa apaixonar por uma Aria que não pode, nunca, ser sua. Aria, por sua vez, ao deparar-se com uma realidade desconhecida, desencadeia em si alterações, mudanças físicas, que a mudarão para sempre. Mas é o seu instinto de sobrevivência, a sua garra por encontrar a mãe, por saber mais sobre o seu passado e por melhorar o seu futuro que a transformam, lentamente, na guerreira que outrora não o foi, mas que actualmente o é.
Sim, gostei imenso deste livro por todas as componentes únicas que oferece, pela viagem amorosa que não tem pressa em consolidar, e pelos objectivos fortes, propósitos sinceros, honestos, verdadeiros, que movem as personagens. Várias foram as figuras secundárias que apareceram e que me suscitaram um enorme interesse, por exemplo Rugido (ou Roar, no original, que não acredito ter sido necessário traduzir) e Cinder, mas também a ausente Liv. Contudo, foi a escrita única, pautada, e atmosfericamente bela, a narrativa surpreendente, excitante e nova, e as personagens invulgares, notáveis e até algo excêntricas que verdadeiramente me conquistou nesta história. Gostei mesmo muito de Sob o Céu Que Não Existe e se vos acontecer o mesmo que a mim, se se sentirem inicialmente confusos e perdidos na história, não desesperem e, principalmente, não desistam. Vale a pena. Este é um livro que vale, cem por cento, a pena.