Título Original: La fille de papier
Autoria: Guillaume Musso
Editora: Bertrand Editora
Nº. Páginas: 351
Sinopse:
Há apenas alguns meses, Tom Boyd era um escritor famoso em Los
Angeles, apaixonado por uma célebre pianista. Mas na sequência de uma separação
demasiado pública, fechou-se em casa, sofrendo de bloqueio artístico e tendo
como única companhia o álcool e as drogas. Certa noite, uma desconhecida
aparece em sua casa, uma mulher linda e completamente nua. Diz ser Billie, uma
personagem dos romances dele, que veio parar ao mundo real devido a um erro de
impressão do seu livro mais recente. A história é uma loucura, mas Tom acaba
por acreditar que aquela deve ser de facto a verdadeira Billie. E ela quer
fazer um acordo com ele: se ele escrever o seu próximo romance, ela poderá
regressar ao mundo da ficção. Em troca, ele ajuda-a a reconquistar a sua amada
Aurore. O que tem ele a perder?
Opinião:
Bem guardado num recanto
escondido do meu interesse literário, existe um grupo selecto e muito restrito
de autores que, por um dado romance ou outro, não só me marcaram como
encontraram em mim uma leitora devota dos seus trabalhos. Porém,
ocasionalmente, surgem desilusões que quebram o ritmo, quebram a corrente, e
que me estagnam no que diz respeito a um tipo de escrita da qual, outrora,
senti gostar. Guillaume Musso é um desses raros casos, em que por mais que
tente encontrar vontade em voltar a pegar no seu último romance publicado em
terras lusas, A Rapariga de Papel,
não há entusiasmo, expectativa nem suspense
que lhe valha.
Não tenho por hábito escrever
opiniões negativas, confesso que não é algo que goste particularmente de fazer
pois acredito que todo e cada livro conserva em si algo de especial, de único,
que o distingue de entre os demais. No entanto, por vezes tal torna-se
inevitável e, como acontece com A
Rapariga de Papel, impossível de prever.
Já passou tanto tempo desde
que peguei neste romance pela primeira (e, muito possivelmente, última) vez
que, admito, não há muito do qual me recorde com exactidão, contudo, algo que
me surge na mente sem qualquer tipo de falha é a escrita desprovida de qualquer
sentido ou significado, demasiado simples e descuidada que o autor decidiu
adoptar na concretização desta história que, a meu ver, tinha um potencial
tremendo. Se há algo que lembro, com carinho, sobre Guillaume Musso é a
sensibilidade intemporal do seu estilo narrativo, e, por isso mesmo, não consigo
perceber o porquê de ter optado por um texto tão cinematográfico ao ponto de,
na minha perspectiva, não se identificar em nada com a sua imagem de
marca.
Por diversas vezes quis
sentir, na pele, os dilemas de uma personagem que se vê face a face com algo
que deveria somente ser fruto da sua imaginação – sentir o medo, o entusiasmo,
o amor nutrido por algo ficcionado tornado real -, mas não. Nada, é o que
existe. Nada, é o que é transmitido ao leitor mais atento, mais sequioso por
algo mais. E, assim, nada, é também o que fica.
A verdade é que não creio ser
capaz de expressar, em mais palavras, o quanto este livro me desiludiu, ao
ponto de pura e simplesmente desistir de, sequer, tentar. Não me tendo
conseguido ligar à escrita, às personagens que me soaram superficiais, sem conteúdo,
e ao caminho que a própria história estava a seguir, nada mais me restou que não
fechar o livro e voltar a guardá-lo na estante. Não quero, de todo, com esta
experiência desistir de um autor que tantas cicatrizes deixou em mim com um
romance absolutamente impecável e perfeito quanto Salva-me, mas sei que, daqui para a frente, terei bastante mais
cuidado na escolha das suas obras a ler. É uma pena, é tudo o que posso dizer.