quinta-feira, 28 de março de 2013

Adding to the Pile (4)


Especial Páscoa... será?

Nop, não é bem esse o caso, pelo menos, não desta vez. A verdade é que me chegou uma pequena e muito antecipada pérola à estante, e se a vontade de a devorar, quando ainda a invejava no original, era de si já imensa, então agora que a versão portuguesa me veio parar às mãos... Uí, é melhor fugirem todos pois aqui esta vossa leitora determinada e super impulsiva vai-se enclausurar num qualquer buraco e ler este tesouro, este doce, como se não houvesse amanhã! Por isso, não, não é propriamente um especial Páscoa mase atenção, mas!é a «apresentação» formal daquela companhia inestimável e inigualável que me irá acompanhar nesta época festiva e familiar. 


Happy readings!

A Quote to Remember #6


Mais citações / More quotes:

terça-feira, 26 de março de 2013

Cinder, Marissa Meyer [Opinião]




Título Original: Cinder
Autoria: Marissa Meyer
Editora: Planeta Manuscrito
Nº. Páginas: 324
Tradução: Victor Antunes


Sinopse:

Com dezasseis anos, Cinder é considerada pela sociedade como um erro tecnológico. Para a madrasta, é um fardo. No entanto, ser cyborg também tem algumas vantagens: as suas ligações cerebrais conferem-lhe uma prodigiosa capacidade para reparar aparelhos (autómatos, planadores, as suas partes defeituosas) e fazem dela a melhor especialista em mecânica de Nova Pequim. É esta reputação que leva o príncipe Kai a abordá-la na oficina onde trabalha, para que lhe repare um andróide antes do baile anual.
Em tom de gracejo, o príncipe diz tratar-se de «um caso de segurança nacional», mas Cinder desconfia que o assunto é mais sério do que dá a entender.
Ansiosa por impressionar o príncipe, as intenções de Cinder são transtornadas quando a irmã mais nova, e sua única amiga humana, é contagiada pela peste fatal que há uma década devasta a Terra. A madrasta de Cinder atribui-lhe a culpa da doença da filha e oferece o corpo da enteada como cobaia para as investigações clínicas relacionadas com a praga, uma «honra» à qual ninguém até então sobreviveu. Mas os cientistas não tardam a descobrir que a nova cobaia apresenta características que a tornam única. Uma particularidade pela qual há quem esteja disposto a matar.


Opinião:

Quem não se lembra da pequena gata borralheira que um dia ousou sonhar ser princesa? E que num maravilhoso e idílico baile, envergando o mais belo dos vestidos, dançou com aquele que viria a ser o seu príncipe encantado? Só que Cinder não é a típica Cinderela que somente deseja algo que não pode ter, esta é uma personagem forte e pouco feminina, que vê no seu trabalho o refúgio que uma casa cheia não lhe pode dar, e que encara a sua diferença, o seu lado inumano, como algo natural e despretensioso, auxiliário até, mesmo quando é desagrado e repulsa os sentimentos que encontra estampados no rosto dos seus clientes—e não só.

Cinder é, provavelmente, dos melhores e mais encantadoramente fascinantes retellings que tive o prazer de ler. Não sendo um género que conheça bem, mas englobando um outro mundo literário do qual gosto imenso, esta acabou por ser uma leitura verdadeiramente surpreendente e que, de uma forma inesperada, me encheu, por completo, as medidas. Um dos melhores livros que li no ano passado, e, absolutamente, uma história a não perder.
Marissa Meyer é divinal com a palavra escrita. A inteligência com que perpetrou todo um universo distópico e extremista baseado num dos contos de fadas mais emblemáticos de sempre, ao mesmo tempo que criava personagens únicas e inteiramente especiais, é de se louvar e nada me poderia deixar mais expectante, mais ansiosa e perdidamente desesperada pela publicação de Scarlet, o segundo volume da sua tetralogia impar.

Apaixonei-me por Cinder logo ao primeiro instante. A sua personalidade vincada e o facto de lidar tão bem—ainda que por vezes somente exteriormente—com o seu lado cyborg e respectivas consequências sociais transformam-na num alvo muito difícil de abater, e numa protagonista indiscutivelmente corajosa e destemida. O seu lado mais vulnerável e os sentimentos puros que nutre por Iko e por Peony podem vir a ser o seu calcanhar de Aquiles, mas dúvidas não me restam de que Cinder é o tipo de personagem que rapidamente encontrará uma forma de dar a volta por cima e encarar o touro pela frente, sem medos e sem rodeios.
Kai deixou-me algo confusa quanto ao que pensar ou achar sobre si. As suas dúvidas e medos são compreensíveis visto estar prestes a assumir um cargo de elevada importância para o desenvolvimento e subsistência do seu país, da sua comunidade e povo, mas as várias atitudes dúbias que projecta em relação a Cinder e os receios envolventes às decisões a tomar, a ordenar para o futuro fazem com que não esteja completamente certa das suas motivações e interesses totais enquanto príncipe encantado e enquanto imperador. Ainda assim, fez-me soltar uns quantos suspiros e esboçar uns tantos outros sorrisos mas, embora a curiosidade esteja presente para ver o seu crescimento no futuro, as incertezas são, igualmente, uma constante no horizonte.
Iko e Peony foram duas outras intervenientes que me fizeram as delícias, enquanto leitor. Iko pelo seu lado divertido e inocente, e pelos diálogos extremamente originais e electrónicos que partilha com as várias figuras em seu redor—além dos sentimentos impulsivos que tem por Kai—, e Peony pelo lado bom e resistente que apresenta até ao fim, e que a tornam numa personagem acarinhada e que fará uma imensa falta a todo o enredo. Adorei ambas e penso que Meyer foi impressionantemente forte e ousada, enquanto escritora, por ter dado os finais que deu a estas duas personagens.

Ambientalmente, Cinder transmite um universo asiático fabuloso que, tendo em conta as directrizes gerais da história, combina na perfeição com os intentos da autora e com as influências indiscutíveis que se encontram um pouco por toda a trama. New Beijing é um mundo absolutamente novo, com um choque de culturas entre o que é moderno, o que é electrónico e avançado, e o que de melhor a história asiática pode oferecer em termos arquitectónicos e de costumes sociais. A oficina de Cinder é um dos locais mais interessantes de toda a trama, principalmente por ser palco de vários momentos importantes, mas também a cave onde guarda alguns dos seus segredos e o armazém para onde escapa em busca de uma vida que sente fugir-lhe por entre os dedos são, por sua vez, cenários de acção indubitavelmente fascinantes. Em suma, toda a ambiência instiga um toque muito especial e particular ao enredo, conjugando, em conformidade com este, uma das melhores obras de fantasia distópica que me passaram pelas mãos.

É visível e palpável o quanto este livro me impressionou, certo? E o quanto o adoro, de paixão? Porque esta foi, sem sombra para dúvidas, um dos enredos mais deslumbrantes, impulsivos e surpreendentes que tive o prazer de folhear. Divertido, mas com o seu quê de suspense, esta é a história dos contos de fadas que nunca pensou testemunhar no papel, e a qual não conseguirá, de todo, largar! Lembro-me que li este livro num único fôlego e se somente agora me encontro a escrever a sua opinião, tal é porque não tinha palavras suficientemente claras e precisas sobre o quanto adorei—e adoro—este livro.

Uma aposta brilhante, destemida e absolutamente impressionante por parte da Planeta Manuscrito que, espero eu, não demore muito mais tempo a publicar a continuação, que se encontra já disponível no original, sob o título Scarlet. Uma última nota para a capa portuguesa—embora a inglesa transmita melhor a sensação, a mistura de conto de fadas com cyborgs presente no texto, a nossa é indiscutivelmente bastante mais encantatória e, talvez, um melhor chamativo aos leitores graúdos e adultos que procuram algo diferente, algo singular e especial.

Resultado do Passatempo «Anjo Mecânico + Príncipe Mecânico», Cassandra Clare


Mais um passatempo terminado, mais um resultado a ser anunciado. Sendo o único que estava em atraso, a sorteio esteve um exemplar de Anjo Mecânico + um exemplar de Príncipe Mecânico, dois livros absolutamente fantásticos da reconhecida autora Cassandra Clare. E com o imprescindível apoio da Planeta Manuscrito, o Pedacinho tem o prazer de oferecer este prémio a...:

177. Iolanda (...) Cheta!

Muitos parabéns à feliz contemplada! Espero que estas sejam duas leituras inteiramente do seu agrado.
Quanto aos que ainda não ganharam, nada de desesperos. Mais oportunidades encontram-se a ser planeadas para um futuro bem próximo...

Boas Leituras!

segunda-feira, 25 de março de 2013

Pedacinho picks... Planeta Manuscrito


Até muito recentemente estive algo indecisa, dividida entre duas opções, sobre qual a segunda escolha efectiva para Março... mas, tudo acabou por se resumir ao quão expectante, ansiosa e delirante estavae estouem relação a cada um dos livros. No final de contas, não foi preciso pensar assim tanto, e tendo em conta que adorei, de paixão, Raptada, o primeiro volume desta fantástica trilogia d' O Jardim Químico, até que se tornou bastante óbvia qual a decisão da Pedacinho. 
Assim, esta foi a segunda escolha com carimbo Planeta. 

Delírio

Sinopse:
Rhine e Gabriel fugiram da mansão, mas o perigo nunca ficou para trás. 
Para Rhine de dezassete anos, a arriscada fuga do casamento polígamo parece ser o princípio do fim. A evasão leva Rhine e Gabriel a uma armadilha sob a forma de uma feira popular, cuja dona mantém várias raparigas prisioneiras, Rhine acaba de fugir de uma prisão dourada para se meter noutra ainda pior. 
A jovem acaba por percorrer um cenário tão sombrio como o que deixou há um ano - que reflecte os seus sentimentos de medo, desesperos e desesperança. Com Gabriel a seu lado está decidida a chegar a Manhattan para se encontrarem com Rowan, o irmão gémeo, mas a viagem é longa e perigosa e o que Rhine espera que seja uma segurança relativa revelar-se-á muito diferente. 
Num mundo onde as raparigas só vivem até aos vinte anos e os rapazes até aos vinte e cinco, o tempo é precioso e Rhine não tem como espacar nem iludir o excêntrico sogro Vaughn, que está determinado a levá-la de novo para a mansão... a todo o custo. 
Nesta sequela de Raptada, a heroína tem de decidir se a liberdade vale a pena, pois tem mais a perder do que nunca. 

Sobre a autora:
Licenciou-se em Letras e especializou-se em Escrita Criativa no Albertus Magnus College, em Connecticut. Raptada foi o seu primeiro livro. 
Lauren DeStefano alcançou os primeiros lugares no top do New York Times, confirmando-se como um novo talento na ficção distópica, tendo o segundo livro desta série entrado directamente para o primeiro lugar. 
Lauren vive em Connecticut.


À Luz da Meia-Noite, Sherrilyn Kenyon [Opinião]





Título Original: Upon the Midnight Clear
Autoria: Sherrilyn Kenyon
Editora: Chá das Cinco
Nº. Páginas: 134
Tradução: Ester Cortegano


Sinopse:

Conheçam Aidan O’ Conner. Uma celebridade generosa que tudo oferecia e nada pedia em troca… até ser enganado pelos que o rodeavam. Agora Aidan nada quer do mundo ou sequer fazer parte dele. Quando uma estranha mulher aparece à sua porta, Aidan sabe que já a viu antes… nos seus sonhos. Uma deusa nascida no Olimpo, Leta nada sabe do mundo dos humanos. Mas um inimigo implacável expulsou-a do mundo dos sonhos e para os braços do único homem capaz de a ajudar: Aidan. Os poderes imortais da deusa derivam de emoções humanas, e a raiva de Aidan é todo o combustível que precisa para se defender… Uma fria noite de inverno irá mudar as suas vidas para sempre…
 Aprisionados durante uma tempestade de inverno brutal, Aidan e Leta terão que conquistar a única coisa que os poderá salvar a ambos – ou destruí-los – a confiança. Conseguirão triunfar sobre todos os obstáculos?


Opinião:

Este livro é especial. Por muitos, pode ser considerado inferior devido ao seu reduzido tamanho, ou à pouca profundidade que transmite quando comparado com os restantes volumes publicados, no entanto, existe uma beleza etérea e simplista neste romance que, a mim, não me passou despercebida. Centrado no seu propósito, na luta de Aidan e de Leta, provocador nos sentimentos que tece em torno destas duas personagens, e místico no à vontade com que apresenta várias divindades do panteão grego, esta é uma história que brinda pelo conforto, pela fluidez e pelos pequenos pormenores característicos da escrita de Kenyon.

À Luz da Meia-Noite é já o décimo terceiro volume de uma série sobrenatural que, certamente, continuará a dar muito que falar. Seguindo os passos de dois intervenientes atormentados por um passado de sangue e de dor, esta é uma história suave mas que, nem por isso, descura os acontecimentos marcantes e a necessidade de revolta, de acção, que permeia a saga por inteiro. Ainda que bastante mais pequeno, este não é um livro menos importante para o desenrolar geral da narrativa, e dúvidas não me restam de que, em vários aspectos, é a antevisão de grandes problemas ainda por vir.
Sherrilyn Kenyon já mais que provou o seu talento como contadora de histórias, mas verdade seja dita, ainda me admira, surpreende, a naturalidade com que a autora aborda as personalidades distintas de cada um dos deuses que insere nas suas obras, e a forma como estes acabam por se enquadrar tão bem na «realidade» histórica conhecida por todos nós leitores. Penso que Kenyon tem, nas suas palavras, a leveza que falta a muitos obras do paranormal urbano e que, nesta sua saga em particular, se apresenta da melhor forma possível.

Desde que surgiram pela primeira vez, os deuses dos sonhos rapidamente se tornaram numa das figuras mais curiosas e expectantes—pelo menos, para mim—do enrede figurativo de Kenyon, e, como tal, seria de esperar que Leta nutrisse o mesmo efeito—que nutriu. Adorei a sua personalidade vincada e forte, e principalmente o facto de não ter papas na língua no que diz respeito a enfrentar homens mal humorados. No entanto, a sua vulnerabilidade e lado sensível são igualmente fascinantes, o que permite a que Leta tenha um certo equilíbrio, enquanto personagem, bastante agradável. O mesmo acontece com Aidan. Penso que, em última instância, Leta e Aidan são o reverso de uma mesma moeda, sendo que ele, Aidan, transmite uma agressividade e revolta mais acentuada. Também a questão sentimental se encontra mais enterrada em si, escondida dos demais, afastada daquilo ou daqueles que o poderiam tornar fraco, e essa fúria, essa quase insensibilidade perante o outro e perante o mundo, são características que somente visam a criar uma certa aura de mistério e enternecimento—por parte do leitor—em torno de Aidan.

O ambiente atmosférico que envolve a trama deste livro em particular foi, no mínimo, uma surpresa decididamente agradável. Sendo que a acção é mais limitada, também o espaço sofre do mesmo tipo de tratamento, contudo, a viagem na qual o leitor embarca nada é o que parece. Desde o Olimpo ao cume de uma montanha no meio de nenhures, o cenário é somente um elemento secundário quando a importância reside no conhecimento mútuo e no enfrentar um batalhão de problemas e impossibilidades face uma guerra, uma luta que se apresenta pouco balanceada para o lado dos protagonistas. E é essa busca por ajuda, por soluções, e esse calor que se vai gerando entre Leta e Aidan—através da troca das mais absolutamente geniais respostas tortas—o que verdadeiramente importa neste romance. O tempo é escasso e a Dor aproxima-se a cada minuto que passa.

Gosto imenso desta saga e, contrariamente ao que tenho lido por aí, adorei este pequeno grande volume. Numa história intensa, recheada de improbabilidades e onde ambos as personagens terão de ser capazes de fazer sacrifícios e de ultrapassar obstáculos inteiramente pessoais, nada mais poderia eu pedir ou esperar que não o que encontrei. Sim, gostava que houvessem mais páginas. Sim, adoraria ter conhecido um pouco mais de Dolor e das suas motivações e passado. Mas sim, também fiquei inteiramente satisfeita e o que pensava vir a saber-me a pouco, encheu por completo as minhas medidas, até porque, pela primeira vez, estamos perante um enredo que não tem espaço para cenas de pouca importância nem tão pouco se encontra rodeado de sensualidade descrita. Mais consistente, mais centrado no que é realmente decisivo, este acabou por ser dos livros de que mais gostei de toda a saga—até ao momento.

Uma aposta muito boa por parte da Chá das Cinco, uma chancela Saída de Emergência, numa autora que soube como criar um mundo cativante, belo e, ao mesmo tempo, tão repleto de perigos e segundas intenções. Gostei bastante.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Pedacinho picks... ASA


Adoro, adorode paixão!esta autora, pelo que não é surpresa alguma que Balogh seja uma das minhas escolhas para este mês. Li os seus dois romances anteriores, que figuram já entre os meus favoritos do género, e, por isso, é uma questão de tempo até me atirar a este. Para quem procura um livro de época com o seu quê, igual, de romance e sensualidade, Balogh é a escolha ideal!
Depois de Uma Noite de Amor e de Um Verão Inesquecível, e agora iniciando uma nova saga, esta foi a escolha da Pedacinho, para Março, com carimbo ASA.

Ligeiramente Casados

Sinopse:
Como todos os Bedwyn, Aidan tem a reputação de ser arrogante. Mas este nobre orgulhoso tem também um coração leal e apaixonado - e é a sua lealdade que o leva a Ringwood Manor, onde pretende honrar o último pedido de um colega de armas. Aidan prometeu confortar e proteger a irmã do soldado falecido, mas nunca pensou deparar com uma mulher como Eve Morris. Ela é teimosa e ferozmente independente e não quer a sua protecção. O que, inesperadamente, desperta nele sentimentos há muito reprimidos. A sua oportunidade de os pôr em prática surge quando um parente cruel ameaça expulsar Eve de sua própria casa. Aidan faz-lhe então uma proposta irrecusável: o casamento, que é a única hipótese de salvar o lar da família. A jovem concorda com o plano. E agora, enquanto toda a alta sociedade londrina observa a nova Lady Aiden Bedwyn, o inesperado acontece: com um toque mais ousado, um abraço mais escaldante, uma troca de olhares mais intensa, o "casamento de conveniência" de Aidan e Eve está prestes a transformar-se em algo ligeiramente diferente...
Conheça a família Bedwyn: seis irmãos e irmãs - homens e mulheres de paixão e privilégio, ousadia e sensualidade. Por vezes, as aparências iludem...  



Sobre a autora:
Autora premiada e presença constante nas listas de bestsellers do New York Times, Mary Balogh cresceu em Gales, terra de mar e montanhas, músicas e lendas. Ela levou consigo a música e uma imaginação vívida quando se mudou para o Canadá. Aí desenvolveu uma segunda carreira como autora de livros com finais felizes e que celebram o poder do amor. Os seus romances históricos venderam já mais de 4 milhões de exemplares em todo o mundo. 


   
Opinião                       Opinião

quarta-feira, 20 de março de 2013

S.E.C.R.E.T., L. Marie Adeline [Opinião]





Título Original: S.E.C.R.E.T.
Autoria: L. Marie Adeline
Editora: Planeta Manuscrito
Nº. Páginas: 269
Tradução: Maria das Mercês de Sousa


Sinopse:

A vida de Cassie Robichaud está cheia de tristeza e solidão desde que o marido morreu. Cassie é empregada de mesa no Café Rose, em Nova Orleães, e dorme todas as noites num apartamento de um só quarto, na companhia de um gato. Porém, quando descobre um diário deixado no café por uma mulher misteriosa, o seu mundo muda para sempre. O diário, cheio de confissões explícitas, choca-a e fascina-a ao mesmo tempo e acaba por levá-la ao S.E.C.R.E.T., uma sociedade secreta que se dedica a ajudar mulheres a realizar as suas fantasias sexuais mais loucas e íntimas. Cassie acaba por mergulhar numa electrizante jornada de Dez Passos, durante a qual tem uma série de fantasias arrebatadoras com homens deslumbrantes, que a fazem despertar e a saciam. Assim que se liberta das suas inibições, Cassie descortina uma nova confiança e transforma-se, conseguindo a coragem necessária para levar uma vida apaixonada. Ao mesmo tempo atraente, libertador e emocionalmente poderoso, S.E.C.R.E.T. é um mundo onde a fantasia se torna realidade.


Opinião:

Um segredo escondido por entre as páginas de um diário secreto, são o chamativo certeiro para uma explosão significativa numa vida que se via desprovida de qualquer cor ou encanto há demasiado tempo. Mas bem perto da luxúria caminha também o amor, aquele sentimento arrebatador que nos faz questionar o quanto de nós estamos dispostos a entregar, e para Cassie nada será mais difícil do que oferecer o seu corpo, a sua mente, e não o seu coração.

S.E.C.R.E.T. é o livro de que toda a gente fala, a novidade que veio revolucionar a curiosidade dos leitores mais ávidos por romances que sejam bastante mais do que estrelinhas cor-de-rosa, e que retrate, de forma nua e crua, o poder do desejo e da entrega. Muito foi já visto dentro deste género, mas pouco foi explorado para além dos limites do comum, e por isso esta é uma obra que traz o seu quê de especial, o seu quê de novo, num mundo onde a sexualidade bruta é o foco central.
L. Marie Adeline não é um nome verdadeiro, real. Trata-se de um pseudónimo que camufla, numa escrita desprovida de preconceitos, o trabalho cuidado de uma das mais conceituadas autoras canadianas da actualidade. E talvez tenha sido por isso, pelo sucesso que precede esta escritora, um dos motivos que me levou a achar a escrita algo supérflua, quase sem sentimentos, abordada muito ao de leve. Neste tipo de romances, escritos na primeira pessoa, quero sentir tudo o que a personagem debate, pensa, sente, e, infelizmente, isso não foi algo que aconteceu. Em contrapartida, Adeline demonstra um estilo perspicaz, que se lê de forma fácil e rápida, e que por isso contribui muito para que o livro seja devorado num instante.

Cassie não é uma protagonista espectacular, perfeita. As suas inseguranças e dúvidas residem à flor da pele e encontram-se à distância de uma unha, e a ambiência de receio e medo que impregna no desenrolar da narrativa é bastante palpável do início ao fim, com excepção da atitude corajosa—a absolutamente certeira—com que pontua o desfecho do livro. Contudo, e embora a sua evolução, como protagonista e mulher enviuvada, seja atribulada, nota-se um certo crescimento suave que creio vir a ser bastante mais pronunciado no segundo volume da trilogia. Já Jesse foi um interveniente que me impressionou, pela sua impulsividade e naturalismo, e que, de alguma forma, ficou gravado na minha memória. As suas aparições são breves mas o impacto que provoca em Cassie—e no leitor—é muito profundo pelo que fica o desejo de o voltar e encontrar no futuro. Em contrapartida, Will foi uma autêntica confusão e Tracina uma vilã que o quis ser mas que não conseguiu. Talvez se ambas as personagens tivessem tido mais espaço de crescimento a impressão deixada fosse diferente, mas a verdade é que, por parte de Tracina, «aquela» atitude final era já esperada mas quanto a Will, foi uma surpresa completa assistir ao seu comportamento dúbio e incrivelmente desordenado.

A par com a escrita fácil, o cenário, no seu geral, é outro dos grandes trunfos deste romance erótico. A ambiência extravagante e artística de New Orleans proporciona ao Café Rose um toque muito particular, humano e acolhedor, que contrasta, de modo exímio, com a crueza e sensualidade das cenas lascivas, muitas vezes dirigidas a locais mais elegantes e luxuosos, de um certo requinte.
E se o controlo é um dos temas abordados nesta obra, ou aquele que mais se destaca pela inovação dado este residir, desta feita, nas mãos das mulheres, pessoalmente, não creio que a ideia trespassada seja a mais acertada, tendo em conta a história em si. É que embora seja a mulher a dizer «sim» ou «não» à consensualidade e aprofundamento do acto em si, ela não tem o poder de pedir, de exigir, mais do que a satisfação sexual momentânea, e ainda que este seja o foco central de toda a obra, fica a sensação de que se está perante um controlo frágil e algo ganancioso, na perspectiva de que quem verdadeiramente o detém é a sociedade S.E.C.R.E.T. que organiza os encontros pelos quais Cassie passa e adquire novas percepções de si mesma.

Os acontecimentos que marcaram as cenas finais foram, infelizmente, demasiado velozes e muito pouco aprofundados. Penso que a autora quis deixar várias portas abertas para a continuação, criando uma maldade pouco ou nada esperada numa personagem masculina que poderá vir a originar um triângulo amoroso, e, no geral, as emoções que fluíram das páginas foram, no seu todo, muito, muito confusas. Apressado, foi a palavra que me surgiu na mente quando pensei sobre o «fim antes do fim».
Houveram ainda algumas incongruências ao longo do texto narrativo que me deixaram perplexa e admirada, obrigando-me a voltar atrás e a ler algumas passagens novamente, mas penso que, ainda assim, esta acabou por ser uma leitura que me entreteve pela rapidez com que a folheei. As expectativas com que parto para a continuação não estão tão altas quanto estavam para este livro—e sim, pretendo ler o segundo livro nem que seja para confirmar, ou não, as suspeitas que tenho relativamente às ideias que a autora pretende explorar—mas ainda assim consigo aperceber-me que esta pode ser uma leitura bem mais frutífera e proveitosa para leitores que apreciem o género de outra forma e que estejam à procura de algo diferente do comum «dominador/submissa».

Uma aposta diferente—também na abordagem—por parte da Planeta Manuscrito, que recebe os parabéns pela iniciativa de marketing que criou em torno deste romance e pela capa absolutamente fantástica. Não correspondeu inteiramente às expectativas, ainda assim foi uma leitura que me agradou—mas, infelizmente, sem me deslumbrar.

Resultado do Passatempo «Halo + Hades», Alexandra Adornetto


Aposto que estavam ansiosos pelo resultado deste passatempo! 
A sorteio esteve um exemplar de Halo + um exemplar de Hades, da ainda bastante jovem autora Alexandra Adornetto. E com o imprescindível apoio da Planeta Manuscrito, o Pedacinho tem o prazer de oferecer este prémio a...:

178. Tiago (...) Mendes

Muitos parabéns ao feliz contemplado! Espero que seja uma leitura inteiramente ao seu gosto! 
Quanto aos que não ganharam desta vez, nada de desesperos. Mais passatempos em breve...

Boas Leituras

segunda-feira, 18 de março de 2013

Encontras-me no Fim do Mundo, Nicolas Barreau [Opinião]





Título Original: Du findest mich am ende der welt
Autoria: Nicolas Barreau
Editora: Quinta Essência
Nº. Páginas: 210
Tradução: Bárbara Villalobos


Sinopse:

Jean-Luc Champollion é aquilo a que os franceses chamam um homme à femmes. O encantador proprietário de uma galeria bem-sucedida ama a arte e a vida, é muito sensível ao encanto das mulheres, que de bom grado lho retribuem, e vive num dos bairros da moda de Paris, em perfeita harmonia com o seu fiel dálmata Cézanne. Tudo corre bem até que, uma da manhã, Jean-Luc encontra no correio um envelope azul, e a sua vida muda para sempre. A missiva é uma carta de amor, ou melhor, uma das declarações de amor mais apaixonadas que o galerista já viu, mas não vem assinada: a misteriosa autora decidiu esconder-se e convida-o a descobrir quem é. Jean-Luc fica inicialmente confuso, mas decide alinhar. A remetente anónima forneceu-lhe um endereço de e-mail e desafia-o a responder. Mas a tarefa não é fácil. Em breve, Jean-Luc tem apenas um objectivo: descobrir a identidade da caprichosa desconhecida, que parece conhecer muito bem os seus hábitos e gosta de o provocar incessantemente. Assombrado pelas suas palavras, Jean-Luc segue as pistas dispersas na correspondência, cada vez mais incapaz de resistir à mais doce das armadilhas. O objecto da sua paixão existe apenas no papel e na sua imaginação, mas ele sente conhecer melhor esta mulher do que os quadros expostos na sua galeria, mesmo que nunca tenha visto o seu rosto. Ou será que viu?


Opinião:

Gosto de leituras que me arrebatam, que me fazem suster o fôlego em busca da próxima surpresa, que me destituem de qualquer tipo de racionalidade e que, simplesmente, me fazem sentir, me fazem querer sonhar, querer desejar mais. Não sei precisar bem o porquê, mas Nicolas Barreau tem uma profundidade, um carinho e uma escrita que me provoca tudo isto e muito mais, que me comove, que me emociona, que me permite viajar por uma Paris diferente, boémia na sua arte, no seu calor, na sua beleza. E por isso, não poderia ter terminado este seu novo romance de forma mais satisfeita.

Encontras-me no Fim do Mundo trata-se da segunda obra do autor que folheio entre mãos, e que, mais uma vez, soube como me surpreender e cativar. Só o título por si, bastante sugestivo, consente a que o leitor deixe a sua imaginação voar por um romance parisiense único, onde a cidade da luz e do amor, como pano de fundo, proporciona o mais idílico dos cenários a um casal que se conhece sem se conhecer, e que, entre si, partilharão as mais belas cartas de amor dos tempos modernos.
Nicolas Barreau é um excelente contador de histórias, e isso nota-se particularmente no seu estilo de escrita, ora algo descritivo ora algo sentimental e actual, mas sempre oferecendo ao leitor uma visão completa do passado e presente do protagonista. Aqui, o autor decidiu inserir, no enredo, uma série de missivas românticas que visam engrandecer o conteúdo narrativo e que, a meu ver, excelentemente bem serviram o seu propósito visto se tratarem, de facto, de bilhetes electrónicos—e ocasionalmente físicos—bastante curiosos e tocantes, libertadores.

Se antes foi Aurélie Bredin o rosto apaixonado que me deslumbrou por completo, neste romance foi Jean-Luc “Le Duc” aquele que se tornou nos olhos e voz que torna este livro tão especial. O seu lado despreocupado e altamente artístico são elementos fundamentais à curiosidade do leitor, mas tantas outras pequenas personagens foram, igualmente, fruto de belas coincidências e arrufos, proporcionando ao leitor uma visão completa da diversidade de personalidades que uma trama simples pode englobar. La Principessa é, com certeza, uma das figuras de maior destaque e importância, tanto pelo mistério que envolve a sua identidade, como pela beleza com que escreve os seus sentimentos e fulgores numa folha de papel. Porém, também Cézanne é digno de nota, pois dálmata mais endiabrado nunca vi, assim como Aristide, pela extravagância e cultura que o preenchem. Um leque de intervenientes singular e muito, muito especial, que divertem, enternecem e entretém o leitor.

O cenário, a par com a atmosfera puramente criativa que assoma o enredo, é das componentes mais apreciáveis e galantes deste romance. Paris sempre foi—e sempre será—uma cidade de estonteante beleza, e isso nota-se na escrita do autor, na forma como ele ama a cidade, as ruas, os pequenos e extremamente significativos pormenores que a tornam o local exclusiva que é, e é verdadeiramente especial denotar essa paixão nas palavras de Barreau, sentir esse deslumbre e magnetismo, e perceber o quão presente tudo isso igualmente se encontra nas suas personagens.
A arte é, claramente, outro dos motivos pelo qual gostei tanto desta leitura. As cores vibrantes em pincéis solitários, as dúvidas presentes na carência e valor de uma obra, o entusiasmo e nervosismo que é a inauguração de uma nova exposição, tudo isto e muito mais são sentimentos que, de alguma forma, conheço e que revejo aqui como uma lembrança solta e tão inteiramente única. De uma ambiência fantástica, o galerista que é Jean-Luc, os artistas plásticos que são Soleil e Julien, e o literatista que é Aristide, abrem as portes a um mundo tão peculiarmente distinto repleto de luz, beleza e cor.

Quanto a mim, penso estar claro o quanto gostei deste romance. Adorei os pequenos ensejos originados pelo mistério da Principessa, e achei particularmente genial a forma como o autor foi divulgando, através de ínfimas pistas, a identidade da mesma, mas sempre instigando o leitor a pensar em várias personagens. Houve um momento chave na história que me fez pensar saber de quem se tratava, e embora Barreau me tenha feito duvidar uma ou duas vezes, foi com bastante agrado que constatei que estava certa—além de que o encontro dos dois, o modo como foi escrito e engendrado, está absolutamente fenomenal.
Este é um autor que gosto particularmente, pela facilidade e realismo das suas histórias, e pelo estilo de escrita muito, muito particular. Espero ler um pouco mais do seu trabalho em breve.

Uma aposta que considero fantástica por parte da Quinta Essência, num tipo de literatura romântica mais simples e modesta, pura, perfeita para acompanhar numa destas próximas tardes que se apresentam mais solarengas. Gostei muito.

sábado, 16 de março de 2013

Pedacinho picks... Quinta Essência


Não foi, de todo, uma escolha difícil. Nicolas Barreau é já presença forte na minha estante, um autor francês que soube como me cativar, num romance que conjuga, na perfeição, a felicidade de um sorriso cúmplice e o amor que se sente pelos livros. Eu sou apaixonada por livros, por isso, seria tarefa árdua não me apaixonar, igualmente, pela anterior obra do autor - O Sorriso das Mulheres.
De capa cativante, fresca, feminina, sinopse interessante e de expectativas em alta, esta foi a escolha da Pedacinho com carimbo Quinta Essência.

Encontras-me no Fim do Mundo

Sinopse:
Jean-Luc Champollion é aquilo a que os franceses chamam um homme à femmes. O encantador proprietário de uma galeria bem-sucedida ama a arte e a vida, é muito sensível ao encanto das mulheres, que de bom grado lho retribuem, e vive num dos bairros da moda de Paris, em perfeita harmonia com o seu fiel dálmata Cézanne. Tudo corre bem até que, uma da manhã, Jean-Luc encontra no correio um envelope azul, e a sua vida muda para sempre. A missiva é uma carta de amor, ou melhor, uma das declarações de amor mais apaixonadas que o galerista já viu, mas não vem assinada: a misteriosa autora decidiu esconder-se e convida-o a descobrir quem é. Jean-Luc fica inicialmente confuso, mas decide alinhar. A remetente anónima forneceu-lhe um endereço de e-mail e desafia-o a responder. Mas a tarefa não é fácil. Em breve, Jean-Luc tem apenas um objectivo: descobrir a identidade da caprichosa desconhecida, que parece conhecer muito bem os seus hábitos e gosta de o provocar incessantemente. 
Assombrado pelas suas palavras, Jean-Luc segue as pistas dispersas na correspondência, cada vez mais incapaz de resistir à mais doce das armadilhas. O objecto da sua paixão existe apenas no papel e na sua imaginação, mas ele sente conhecer melhor esta mulher do que os quadros expostos na sua galeria, mesmo que nunca tenha visto o seu rosto. Ou será que viu?

Um galerista fascinante.
Uma mulher misteriosa.
Uma série de provocantes cartas de amor. 

Sobre o autor:
Nicolas Barreau nasceu em 1980 em Paris, filho de mãe alemã e pai francês, estudou Literaturas Românicas e História em Sorbonne. 
Durante algum tempo trabalhou numa livraria da Rive Gauche em Paris, até que finalmente se dedicou à escrita. Gosta de culinária, acredita no destino, é muito tímido e reservado e, tal como o escritor protagonista deste livro, não gosta de aparecer em público. Os seus três romances, publicados originalmente por uma pequena editora alemã, alcançaram um enorme êxito, em especial O Sorriso das Mulheres, que se tornou um fenómeno editorial na Alemanha, em Itália e em Espanha.


quinta-feira, 14 de março de 2013

Bruxa de Elite, Kim Harrison [Opinião]





Título Original: A Fistful of Charms
Autoria: Kim Harrison
Editora: Chá das Cinco
Nº. Páginas: 481
Tradução: Rita Guerra


Sinopse:

As coisas maléficas que assombram as noites de Cincinnati desprezam a bruxa e caçadora de recompensas Rachel Morgan. A sua reputação de praticante de magia negra começa a fazer virar as cabeças de humanos e mortos-vivos, determinados a possuí-la, dormir com ela e matá-la... não necessariamente por essa ordem. E como se tudo isso não bastasse, um amante mortal que abandonara Rachel regressou, assombrado pelo seu passado secreto. E há quem queira deitar as mãos a algo que se encontra na poss dele: animais selvagens dispostos a destruir Hollows e todos os seus habitantes, se necessário. Obrigada a manter-se escondida ou a sofrer para sempre a ira de um demónio vingativo, Rachel deve, ainda assim, agir rapidamente. Pois pela primeira vez, em vários milénios, matilhas de estranhas criaturas estão a unir-se, preparadas para destruir e dominar. De súbito, há algo mais em jogo do que a alma de Rachel.


Opinião:

Se existe, no mundo da fantasia urbana, bruxa mais espectacularmente endiabrada, mais requintadamente desastrosa e mais fascinantemente problemática, essa bruxa terá então de ser, invariavelmente, Rachel Morgan. Das mãos de Kim Harrison, saem as personagens mais divertidas e singulares que se possa imaginar, mas ninguém, seja bruxo, vidente ou qualquer outra espécie sobrenatural, bate a excelência de Rachel Morgan.

Bruxa de Elite é já o quarto volume desta saga que folheio, e aquele que me fascinou por completo, a um ponto tal que não só me impediu de fazer o que quer que fosse—para além de ler—como me fez ultrapassar uma certa dificuldade que sinto sempre neste tipo de histórias, que é a de me ambientar e percorrer, de forma veloz, o quotidiano de personagens de que tanto gosto. Assim, esta história em particular,  transformou-me numa surpresa dupla: a de simplesmente não a conseguir largar, e a de me continuar a surpreender relativamente a acontecimentos narrativos.
Kim Harrison é uma deusa da escrita. As suas descrições são calorosas, precisas e absolutamente divinais, permitindo ao leitor familiarizar-se com os locais de acção e com os sentimentos e pensamentos das personagens. Mas também os seus diálogos são especiais, sempre extremamente inteligentes e com uma certa pontada de humor, que visa suavizar, muitas vezes, acontecimentos perigosos e de imensa emoção.

Muitos são os momentos de suspense, acção e fascínio ao longo deste enredo, mas maior ainda é a paixão que se continua a nutrir por intervenientes tão exímios e peculiares. Rachel permanece no papel de destaque, ao fim e ao cabo é ela a nossa bruxinha favorita, mas mais uma vez deixa-se levar pelo lado suave da sua personalidade que gosta de ajudar os outros, e, por isso, volta a meter-se nos mais variados e impressionantes sarilhos—sejam o centro dos mesmos um pixie muito especial que foi obrigado a ser grande, um animalomem que lhe pode beneficiar no seguro ou um bruxo humano que se viu devoto à arte de roubar. Seja qual for o problema, seja qual for a pessoa em sarilhos, Rachel não hesita em dar uma mãozinha, mas sempre descurando a sua própria segurança, o que transforma estes livros num autêntico bálsamo de leitura para a alma.
Mas desta vez também Jenks partilhou a estrelado com Rachel, tornando-se n’a personagem de todo o livro. Tratando-se de uma figura que sempre captou a minha atenção, foi bastante agradável e divertido ver os seus movimentos traduzidos numa graça adulta e quase totalmente humana, ao invés das pequenas asas e pó de pixie que o caracterizam. Contudo, não posso deixar de referir mais uns quantos intervenientes que não só foram imprescindíveis a Bruxa de Elite, como souberam espalhar a sua magia e cativar inteiramente o leitor, sendo eles a pequena e delicada Ceri, Kisten e a eternamente torturada Ivy. Um leque muito, muito especial e... único.

Em termos de enredo, muito pouco tenho a apontar, até porque Harrison entrega sempre o que promete, e muito, muito mais, deixando o seu leitor completamente boquiaberto e esfomeado por mais aventuras, mais instantes velozes, mais perigos. No entanto, julgo que a autora tem vindo a preparar um acontecimento que irá, certamente, marcar não só a história como os seus leitores, e penso que isso se nota particularmente neste livro. Julgo saber do que se trata—embora, por enquanto, só me reste especular—e talvez por isso esteja bastante receosa em pegar em Bruxa Endiabrada, com medo de ver os meus maiores pesadelos realizados. Ainda assim, é algo que faz parte de uma saga tão complexa e rica quanto esta, e, por isso mesmo, é respirar fundo e avançar, a todo o turbo, na mesma.

É-me quase impossível expressar o quanto admiro esta autora e esta série. Dentro da fantasia urbana, é, sem sombra de dúvidas, do melhor que se vê publicado por cá, e, por isso mesmo, só posso recomendá-la a leitores que procurem ver as suas criaturas favoritas interpretadas por personagens sem igual e caracterizadas de forma tão espectacular, tão diferente e completa, que rapidamente lhes é muito complicado resistir. Harrison partilha já um lugar muito especial neste coração de leitora, e, por isso mesmo, esta é uma saga da qual me é muito difícil expressar o quão fabulosa e alucinante verdadeiramente é. A quem o bichinho ainda não atacou, que se atire na mesma. A quem já faz efeito, somente resta esperar pelo próximo.

Uma brilhante aposta da Saída de Emergência, numa saga que tem vindo a cativar e a crescer a olhos vistos com cada volume publicado. Não lhe resisto nem o tentarei fazer. Absolutamente genial. Adorei.

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